quarta-feira, 26 de maio de 2010

JESUS ENSINOU COMO DEVEMOS ORAR



“E quando orares, não seja como os hipócritas, porque gostam de orar em pé, nas sinagogas e nos cantos das praças para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai que está em secreto. E teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, orando, não useis de vãs palavras, como os gentios, porque presumem que pelo muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles, porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais.”
(Mateus, 6:5-8)

A oração fazia parte das rígidas disciplinas do culto judaico. Os judeus rezavam duas vezes por dia, mais ou menos às 9 e 13 horas, postados em direção a Jerusalém. Na cidade santa, voltavam-se para o Templo.
Muitos faziam dessa prática um recurso de ostentação de religiosidade (é bem mais fácil aparentar contrição do que viver os princípios religiosos). Indivíduos assim chegam a enganar a si mesmos, crendo que se habilitam ao recebimento das graças divinas submetendo-se ao culto exterior, tornando tão mecânicas suas manifestações que se fazem impermeáveis à finalidade maior da religião, que é a de incentivar os fiéis à própria renovação. Jesus referia-se a eles como sepulcros caiados – brancos por fora, cheios de podridão por dentro! Uma imagem forte, mas real. Não há nada mais lamentável do que a falsa religiosidade.
Ao recomendar que busquemos nosso quarto para orar, o Mestre não está estabelecendo um posicionamento físico para a comunhão com o Céu. Afinal, há uma multidão de criaturas que não tem nem mesmo onde se trancar. O que ele pretende é que busquemos o recolhimento para, a sós, dialogarmos com Deus. Ele mesmo oferece exemplos desta natureza. Os evangelistas registram assim: “Jesus deixou os discípulos e foi orar”; “Jesus levantou-se alta madrugada, e foi para um lugar deserto, orar”; “Jesus passou a noite orando a Deus.”
No insulamento, a oração flui com maior naturalidade, sem interferências, sem preocupações com fórmulas e formas, favorecendo a comunhão legítima com a Espiritualidade.
Esse contato é um dos recursos mais preciosos de que dispõe a criatura humana para enfrentar as vicissitudes da Terra. Em tempos difíceis, quando surgem tormentosos problemas familiares ou profissionais, pensamos, não raro, em mobilizar a interferência de pessoas influentes em nosso benefício. Ansiosos, submetemo-nos ao sacrifício da espera – é gente muito importante e ocupada que nem sempre pode ou deseja receber-nos.
No entanto, pela oração nos comunicamos instantaneamente com intercessores muito mais solícitos e poderosos, em inesgotáveis fontes espirituais de socorro, sem que se pergunte se somos ricos ou pobres, bem situados na sociedade ou humildes serviçais.
Nesses instantes, orienta Jesus, não nos preocupemos em falar muito, como se as respostas estivessem condicionados empenhados em convencer o Céu a ajudar-nos.
Isso não é fácil, porquanto estamos milenarmente viciados no petitório. Vemos na oração muito mais um gabinete de solicitação do que um exercício do coração. Pedimos saúde, solução para problemas, ajuda para os familiares, afastamento da dor... Há quem peça casamento, palpite certo na loteria, emprego, fortuna poder!...
Evidentemente, não estamos impedidos de pedir. Qual o pai que proibiria o filho de fazê-lo? Todavia, não se sentiria feliz se fosse, invariavelmente, um quebra-galho, alguém procurado sempre, mas apenas porque sempre há algo a pedir.
O petitório desvirtua a oração, deslocando-a do solo sagrado das cogitações superiores para situá-la no deserto dos interesses imediatistas.

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