domingo, 30 de maio de 2010

JESUS E O RICO INSENSATO


Jesus realizava uma de suas concorridas reuniões. A multidão estava extasiada. Até que, numa pausa mais longa, um dos presentes pediu:
- “Mestre, diga a meu irmão que reparta comigo a herança.”
Por que aquela pessoa interrompeu a pregação? Para tirar dúvidas sobre o assunto? Acrescentou algo às lições transmitidas? Nada disso! Desejava apenas cuidar de seu interesse pessoal. Enquanto Jesus revelava os segredos do Céu, ele pensava nos cofres da Terra.
Assim acontece nas Casas Espíritas, principalmente em reuniões mediúnicas. Onde este intercâmbio sublime é um contato com o sagrado, convocando-nos ao cultivo de valores espirituais; os benfeitores do Além retornam para orientar-nos em relação aos deveres da vida; alertam quanto ao indispensável esforço em favor de nossa renovação; advertem quanto aos vícios e mazelas; estimulam ao Bem e à Verdade. Mas, infelizmente, sempre há os que parecem cegos aos objetivos da reunião, surdos aos apelos da Espiritualidade. Porque cultivam o intercâmbio como quem procura um gabinete médico, uma agência de empregos, um consultório sentimental. Assediam os mentores espirituais com pedidos inoportunos em torno de interesses imediatistas. E se não são atendidos, logo se afastam dizendo: “CENTRO FRACO!”
Mas Jesus respondeu dizendo:
- “Homem, quem me nomeou juiz entre vocês?”
E dirigindo-se ao povo disse:
- “Tenham cautela e preservem-se de toda avareza, porque a vida de cada um não consiste na abundância dos bens que possui.”
E usando da habilidade de sempre, ensinou contando uma parábola:
- “O campo de um homem rico produziu em abundância. E ele questionava consigo mesmo: “Que farei, pois não tenho onde guardar os meus frutos. E disse: Farei o seguinte: demolirei os meus celeiros, construirei outros maiores e neles amontoarei toda a minha colheita e os meus bens. Então, direi à minha alma: você tem em depósito muitos bens para muitos anos. Descansa, come, bebe e regala-te!”
Mas Deus lhe disse:
- “Insensato, nesta noite pedirão a tua alma, e o que amontoaste de quem será?”
E Jesus conclui dizendo:
- “Assim acontece a quem entesoura para si e não é rico relativamente a Deus.”
Aqui, Jesus aborda a preocupação com os bens materiais em detrimento dos bens espirituais. A ilusão sobrepondo-se à realidade. O transitório ao permanente. Para a maioria das pessoas, a vida não vai além dos horizontes humanos. Sabem que a morte é a única certeza da jornada terrestre. Em alguns anos ou algumas décadas todos retornaremos à espiritualidade. No entanto, vivem como se devessem estagiar na carne, indefinidamente. Por isso, envolvem-se demasiadamente com valores passageiros. Quantas oportunidades jogamos fora, simplesmente porque esquecemos que aqui estamos para evoluir, superando mazelas e imperfeições. Perdemos tempo perseguindo bens que nunca chegaremos a usar. Transformamos o dinheiro, que deveria ser apenas parte da vida, em finalidade dela. Advogados astutos estimulam clientes em potencial a reivindicar nebulosos direitos. Não estão interessados em promover a justiça. Pensam em gordos honorários. Em repartições públicas, funcionários aceitam propina para dar andamento a uma petição, para despacho rápido e favorável. Há médicos que, pedem uma bateria de exames desnecessários. Porque tem acordo com os laboratórios. Ganham comissão sobre o valor cobrado. Na atividade religiosa, temos pregadores que literalmente cobram pedágio dos crentes para o céu.
Pessoas assim ficam bem, financeiramente. Mas espiritualmente, acabam mal. Porque detemos os bens materiais em caráter precatório. Não nos pertencem. Deles prestaremos contas a Deus. Jesus recomenda que sejamos ricos diante de Deus. Uma riqueza formada de valores imperecíveis. Isto não significa que devemos ser pobres diante dos homens. Não é “pecado” ter dinheiro. Podemos melhorar nosso padrão de vida, desfrutar de conforto, desde que observemos dois princípios fundamentais: HONESTIDADE E DESPRENDIMENTO. Nossas iniciativas envolvem pessoas que nos compete respeitar. Por exemplo? Cobramos o preço justo por nossos serviços? Remuneramos adequadamente nossos funcionários? Vendemos nosso produto sem explorar o comprador ou lesá-lo em sua boa fé? Agimos com justiça em nossas transações?
Por isso, podemos nos dar muito bem ou muito mal com nosso dinheiro. Se o usamos para ajudar e amparar os menos afortunados, estaremos construindo um futuro de bênçãos. Se, porém, nos apegamos, estaremos apenas cristalizando tendências à usura e à ambição, que resultarão em amargos desenganos quando formos convocados a prestar contas de nossa vida.
Num dia qualquer, quando pedirem nossa alma, o que levaremos? O que nos pertence? Como disserem os Espíritos à Kardec: “Levaremos aquilo que pudermos carregar.” Então podemos concluir que, nossos pertences encontram-se na alma. Ela sim deve ser o celeiro de boas ações.

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