segunda-feira, 24 de outubro de 2016

JOGOS, BINGOS E RIFAS NA CASA ESPÍRITA


O que você tem a dizer sobre os jogos, bingos e rifas nas casas espíritas?

J. Raul Teixeira: - A casa espírita, sendo educandário básico da mente popular, não comporta nenhum tipo de jogo de azar nem de sorte. Ela deve ser o espaço para que seja feito aquilo que a Doutrina Espírita propõe. No dia em que a casa espírita se converter num espaço de jogos de qualquer teor, ainda que sob a justificativas as mais piedosas, em nome da caridade, terá se convertido num clube, numa área que não serve mais à causa de Cristo, mas aos interesses imediatistas dos indivíduos.
Os jogos são eminentemente do mundo e, obviamente, não se ajustam à proposta da casa espírita e muito menos à Doutrina Espírita. Com todo respeito àqueles que usam o espaço do centro espírita para fazer o que lhes dá na mente, o que lhes vem à cabeça, temos que dizer que eles estão ignorando a seriedade do compromisso espírita, atraiçoando a confiança com que os generosos Mentores do mundo os convidou para o trabalho na fulgurante Seara Espírita.
Que a casa espírita tenha necessidade de recursos materiais para atender aos seus trabalhos materiais, não resta dúvida. Contudo, deveremos procurar operar no campo das coisas dignas, que não comprometam os princípios espíritas nem enxovalhem o nome de tantas almas que sofreram e choraram, que deram suas vidas e suas mortes, a fim de que hoje encontrássemos essa liberdade de ser espíritas, de afirmar alto e em bom som a nossa fé, em toda a parte.


Jornal Correio Espírita    


OBSERVAÇÃO DE RUDYMARA: Jogo vicia e atrai viciados. Quantas pessoas desviam dinheiro da família para jogar, perde tudo com esperança de ficar rico ou recuperar o que perdeu no jogo, comete suicídio, é morto e mata por dívida de jogo. Então, corremos o risco de estimular uma pessoa a se viciar e estimular um encarnado e desencarnado a continuar no vício quando o intuito da doutrina é orientar para não entrar e/ou se livrar de vícios. Todo vício começa por pequenas doses, um jogo de brincadeira, sem contar que podemos estar estimulando lembranças do passado que podem desencadear nesta encarnação. Pensemos na nossa responsabilidade sobre a vida alheia. Temos muito conhecimento para arriscar.






domingo, 23 de outubro de 2016

CARIDADE COMEÇA NO LAR


Disse André Luiz: "Honre a caridade em sua própria casa, ajudando, em primeiro lugar, aos seus próprios familiares, através do rigoroso desempenho de suas obrigações, para que você esteja realmente habilitado a servir ao Mundo e à Humanidade, hoje e sempre."
Não adianta fazer sopa na casa religiosa se não lavamos um copo para ajudar no serviço da nossa casa. Não adianta ser gentil com os irmãos de fé se somos grosseiros e mal educados no trato com nossos familiares. Não adianta arrecadarmos alimentos aos necessitados se não pensamos nas necessidades dos nossos parentes. Não adianta caminhar quilômetros para visitar um templo religioso se não visitamos nossos pais. Não adianta dizer que amamos Maria mãe de Jesus se não honramos, respeitamos e, às vezes, exploramos nossa mãe. Não adianta idealizar igualdade na divisão de renda se brigamos na partilha de bens da família. Pensemos nisso!

Texto de Rudymara




O QUE É FAMÍLIA?




Família é um grupo de pessoas, cheios de defeitos, que Deus reúne para que convivam com as diferenças e desenvolvam a tolerância, a benevolência, a caridade, o perdão, o respeito, a gratidão, a paciência, direito e dever, limites, enfim, que aprendam a AMAR: fazendo ao outro o que quer que o outro lhe faça. Sem exigir deles a perfeição que ainda não temos. Como disse Divaldo Franco: "Nós não nascemos onde merecemos, mas onde necessitamos evoluir." Sem esquecer que não devemos exercer esse amor apenas à família consanguínea, mas também à família universal. O que é a família universal? Se Deus é Pai de todos que moram no Universo, somos todos irmãos e, consequentemente, somos uma só família. Então, aproveitemos esta oportunidade que Deus nos dá e façamos o melhor nessa convivência consanguínea e universal. 

Texto de Rudymara



Observação: Amigos(as) essa mensagem foi escrita por mim, Rudymara. Não sei quem foi que a postou como se a autoria fosse do Papa Francisco. Não sei qual foi sua intenção, mas não foi muito correta, não é? 





terça-feira, 18 de outubro de 2016

COMO JESUS ACALMOU A TEMPESTADE?


Jesus entrou na barca, e seus discípulos o acompanharam. E eis que houve grande agitação no mar, de modo que a barca estava sendo coberta pelas ondas. Jesus, porém, estava dormindo. Os discípulos se aproximaram e o acordaram, dizendo: 
- Senhor, salva-nos, porque estamos afundando! 
Jesus respondeu:
- Por que vocês tem medo, homens de pouca fé?
E, levantando-se, ordenou os ventos e o mar, e tudo ficou calmo. Os homens ficaram admirados e disseram:
- Quem é esse que até os ventos e o mar lhe obedecem?

COMO JESUS ACALMOU A TEMPESTADE? 
Divaldo Franco responde no livro Entrevistas & Lições: “existem os espíritos que contribuem em favor do desenvolvimento dos recursos da Natureza. Em todas as épocas eles foram conhecidos, identificando-se através de nomenclatura variada (gnomos, duendes, etc.)... eles protegem os vegetais, os animais, os homens. Contribuem para acontecimentos diversos: tempestades, chuvas, maremotos, terremotos . . . interferindo nos fenômenos “normais” da Natureza sob o comando dos Engenheiros Espirituais que operam em nome de Deus..."
Então, concluímos que Jesus utilizou sua autoridade moral para ordenar aos espíritos que, realizam tais acontecimentos, que a tempestade parasse e estes o obedeceram.

Rudymara



sábado, 15 de outubro de 2016

ESCOLA E FAMÍLIA


Neste dia dos professores, deixo aqui meu abraço a cada professor que luta para ensinar quem, muitas vezes, não quer aprender. Luta em prestar contas aos patrões que, muitas vezes, só querem resultado positivo sem apoiá-los. Luta contra lei que passa aluno sem merecer. Luta para motivar alunos desmotivados pela lei. Luta para se defender da violência e agressividade de quem deveria ter gratidão. Luta para ganhar respeito de muitos pais que acham que os professores devem fazer a vontade dos seus filhos, que não dão continuidade de ensino no lar e querem que os professores eduquem além de instruir. Luta para viver com salário da vergonha. Mas que, apesar de tudo isso, graças a Deus, amam o que fazem. Deus os abençoe. 
Precisamos olhar para os professores como nossos aliados e não como inimigos nossos e de nossos filhos. Quando nosso filho chegar reclamando de um professor, busquemos saber se é realmente verdade ou é apenas reclamação de uma criança mimada que não tolera ordem, respeito, que chamem sua atenção. Nunca se coloque contra o professor perto de seu filho. Procuremos saber se estão cumprindo suas obrigações escolares: tarefas, trabalhos, etc. Participemos das reuniões para saber como nossos filhos estão se comportando na sala de aula, na escola. Converse com seu filho quando ele chegar da escola. Oriente antes dele sair de casa. Eduque seu filho para respeitar a escola e seus funcionários. Como disse Kardec: "É pela EDUCAÇÃO, mais do que pela INSTRUÇÃO, que se transformará a HUMANIDADE”. Educação recebemos no lar e instrução na escola. Escola e família precisam dar as mãos.

Rudymara



sexta-feira, 14 de outubro de 2016

FAMÍLIA



Ninguém se une numa família por acaso. Ninguém é vítima ou coitadinho. Deus não erra de endereço. Há filhos(as) que dizem amar seus pais, mas na verdade só tem interesse neles. Pois, só exploram, humilham e maltratam. E quando precisam deles são dissimulados a ponto de fazer-lhes um agrado, só para alcançar o almejado. E há pais que fazem todas as vontades do filho(a) dizendo amá-lo, quando na verdade não o ama, apenas é apaixonado. Pois, quem ama educa, diz sim e não na hora certa. O amor não é cego, porque enxerga que, muitas coisas que os filhos(as) querem, serão prejudiciais no futuro. Já a paixão diz sim sempre, não tem coragem de negar nada, de educar, não enxerga o futuro. Então, observemos nossas atitudes, como filho(a), pai ou mãe, pois colheremos no futuro o que estamos plantando no presente. Como disse Emmanuel: “Nem freio que os mantenha na servidão, nem licença que os arremesse ao charco da libertinagem.” E como diz Kardec: Na família, os pais tem deveres para com os filhos e os filhos além de respeito para com os pais, tem deveres com eles, mesmo quando são injustos.

Rudymara



quinta-feira, 13 de outubro de 2016

CONCEITO DE MEDIUNIDADE



Médium quer dizer medianeiro, intermediário. Mediunidade é a faculdade humana, natural, pela qual se estabelecem as relações entre homens e espíritos. Não é um poder oculto que se possa desenvolver através de práticas rituais ou pelo poder misterioso de um iniciado ou de um guru. A Mediunidade pertence ao campo da comunicação. Desenvolve-se naturalmente nas pessoas de maior sensibilidade para a captação mental e sensorial de coisas e fatos do mundo espiritual que nos cerca e nos afeta com as suas vibrações psíquicas e afetivas.
Da mesma forma que a inteligência e as demais faculdades humanas, a Mediunidade se desenvolve no processo de relação. Geralmente o seu desenvolvimento é cíclico, ou seja, processa-se por etapas sucessivas, em forma de espiral. As CRIANÇAS a possuem, por assim dizer, à flor da pele, mas resguardada pela influência benéfica e controladora dos espíritos protetores, que as religiões chamam de anjos da guarda. Nessa fase infantil as manifestações mediúnicas são mais de caráter anímico; a criança projeta a sua alma nas coisas e nos seres que a rodeiam, recebem as intuições orientadoras dos seus protetores, às vezes vêem e denunciam a presença de espíritos e não raro transmitem avisos e recados dos espíritos aos familiares, de maneira positiva e direta ou de maneira simbólica e indireta. Quando passam dos sete ou oito anos integram-se melhor no condicionamento da vida terrena, desligando-se progressivamente das relações espirituais e dando mais importância às relações humanas. O espírito se ajusta no seu escafandro (corpo físico) para enfrentar os problemas do mundo. Considera-se então que a criança não tem mediunidade, a fase anterior é levada à conta da imaginação e da fabulação infantis. No primeiro ciclo só se deve intervir no processo mediúnico com preces e passes, para abrandar as excitações naturais da criança, quase sempre carregadas de reminiscências (lembranças) estranhas do passado carnal ou espiritual. Fecha-se o primeiro ciclo mediúnico, para a seguir abrir-se o segundo.
É geralmente na ADOLESCÊNCIA, a partir dos doze ou treze anos, que se inicia o segundo ciclo. Na adolescência o seu corpo já amadureceu o suficiente para que as manifestações mediúnicas se tornem mais intensas e positivas. É tempo de encaminhá-la com informações mais precisas sobre o problema mediúnico. Não se deve tentar o seu desenvolvimento em sessões, a não ser que se trate de um caso obsessivo. Mas mesmo nesse caso é necessário cuidado para orientar o adolescente sem excitar a sua imaginação, acostumando-o ao processo natural regido pelas leis do crescimento. O passe, a prece, as reuniões para estudo doutrinário são os meios de auxiliar o processo sem forçá-lo, dando-lhe a orientação necessária. Certos adolescentes integram-se rápida e naturalmente na nova situação e se preparam a sério para a atividade mediúnica. Outros rejeitam a mediunidade e procuram voltar-se apenas para os sonhos juvenis.
É a hora das atividades lúdicas, dos jogos e esportes, do estudo e aquisição de conhecimentos gerais, da integração mais completa na realidade terrena. Não se deve forçá-los, mas apenas estimulá-los no tocante aos ensinos espíritas. Sua mente se abre para o contato mais profundo e constante com a vida do mundo. Mas ele já traz na consciência as diretrizes próprias da sua vida, que se manifestarão mais ou menos nítidas em suas tendências e em seus anseios. Forçá-lo a seguir um rumo que repele é cometer uma violência de graves conseqüências futuras. Os exemplos dos familiares influem mais em suas opções do que os ensinos e as exortações orais. Ele toma conta de si mesmo e firma a sua personalidade. É preciso respeitá-lo e ajudá-lo com amor e compreensão. No caso de manifestações espontâneas da mediunidade é conveniente reduzi-las ao círculo privado da família ou de um grupo de amigos nas
instituições juvenis, até que sua mediunidade se defina, impondo-se por si mesma.
O terceiro ciclo ocorre geralmente na passagem da adolescência para a JUVENTUDE, entre os dezoito e vinte e cinco anos. É o tempo, nessa fase, dos estudos sérios do Espiritismo e da Mediunidade, bem como da prática mediúnica livre, nos centros e grupos espíritas. Se a mediunidade não se definiu devidamente, não se deve ter preocupações. Há processos que demoram até a proximidade dos 30 anos, da maturidade corporal, para a verdadeira eclosão da mediunidade. Basta mantê-lo em ligação com as atividades espíritas, sem forçá-lo. Se ele não revela nenhuma tendência mediúnica, o melhor é dar-lhe apenas acesso a atividades sociais ou assistenciais. As sessões de educação mediúnica (impropriamente chamadas de desenvolvimento) destinam-se apenas a médiuns já caracterizados por manifestações espontâneas, portanto já desenvolvidos.
Há ainda um quarto ciclo, correspondente a mediunidades que só aparecem após a maturidade, na VELHICE ou na sua aproximação. Trata-se de manifestações que se tornam possíveis devido às condições da idade: enfraquecimento físico, permitindo mais fácil expansão das energias perispiríticas; maior introversão da mente, com a diminuição de atividades da vida prática, estado de apatia neuropsíquica, provocado pelas mudanças orgânicas do envelhecimento. Esses fatores permitem maior desprendimento do espírito e seu relacionamento com entidades desencarnadas. Esse tipo de mediunidade tardia tem pouca duração, constituindo uma espécie de preparação mediúnica para a morte. Restringe-se a fenômenos de vidência, comunicação oral, intuição, percepção extra-sensorial e psicografia. Embora seja uma preparação, a morte pode demorar vários anos, durante os quais o espírito se adapta aos problemas espirituais com que não se preocupou no correr da vida.
Esses fatos comprovam o conceito de mediunidade como simples modalidade do relacionamento homem-espírito. Kardec lembra que o fato de o espírito estar encarnado não o priva de relacionar-se com os espíritos libertos, da mesma maneira que um cidadão encarcerado pode conversar com um cidadão livre através das grades. Não se trata das conhecidas visões de moribundos no leito mortuário, mas de típico desenvolvimento tardio de mediunidade que, pela completa integração do indivíduo na vida carnal, imantado aos problemas do dia-a-dia, não conseguiu aflorar. A sua manifestação tardia lembra o adágio de que os extremos se tocam. A velhice nos devolve à proximidade do mundo espiritual, em posição semelhante à das crianças. 
Na verdade, a potencialidade mediúnica nunca permanece letárgica. Pelo contrário, ela se atualiza com mais freqüência do que supomos, passa de potência a ato em diversos momentos da vida, através de pressentimentos, previsões de acontecimentos simples, como o encontro de um amigo há muito ausente, percepções extra-sensoriais que atribuímos à imaginação ou à lembrança e assim por diante. Vivemos mediunicamente, entre dois mundos e em relação permanente com entidades espirituais.
Durante o sono, como Kardec provou através de pesquisas ao longo de mais de dez anos, desprendemo-nos do corpo que repousa e passamos ao plano espiritual. Nos momentos de ausência psíquica de distração, de cochilo, distanciamo-nos do corpo rapidamente e a ele retornamos como o pássaro que voa e volta ao ninho. A Psicologia procura explicar esses lapsos fisiologicamente, mas as reações orgânicas a que atribui o fato não são causa e sim efeito de um ato mediúnico de afastamento do espírito. Os estudos de Hipnotismo comprovam isso, mostrando que a hipnose interfere constantemente em nossa vigília, fazendo-nos dormir em pé e sonhar acordados, como geralmente se diz. A busca científica de uma essência orgânica da mediunidade nunca deu nem dará resultados. Porque a mediunidade tem sua essência na liberdade do espírito. 
Chegando a este ponto podemos colocar o problema em termos mais precisos: a mediunidade é a manifestação do espírito através do corpo. No ato mediúnico tanto se manifesta o espírito do médium como um espírito ao qual ele atende e serve. Os problemas mediúnicos consistem, portanto, simplesmente na disciplinação das relações espírito-corpo. É o que chamamos de educação mediúnica. Na proporção em que o médium aprende, como espírito, a controlar a sua liberdade e a selecionar as suas relações espirituais, sua mediunidade se aprimora e se torna segura. Assim o bom médium é aquele que mantém o seu equilíbrio psicofísico e procede na vida de maneira a criar para si mesmo um ambiente espiritual de moralidade, amor e respeito pelo próximo. A dificuldade maior está em se fazer o médium compreender que, para tanto, não precisa tornar-se santo, mas apenas um homem de bem. Os objetivos de santidade perseguidos pelas religiões, através dos milênios, gerou no mundo uma expectativa incômoda para todos os que se dedicam aos problemas espirituais. Ninguém se torna santo através de sufocação dos poderes vitais do homem e adoção de um comportamento social de aparência piedosa. O resultado disso é o fingimento, a hipocrisia que Jesus condenou incessantemente nos fariseus, uma atitude permanente de condescendência e bondade que não corresponde às condições íntimas da criatura. O médium deve ser espontâneo, natural, uma criatura humana normal, que não tem motivos para se julgar superior aos outros. Todo fingimento e todo artifício nas relações sociais leva os indivíduos à falsidade e à trapaça. A chamada reforma-íntima esquematizada e forçada não modifica ninguém, apenas artificializa enganosamente os que a seguem. As mudanças interiores da criatura decorrem de suas experiências na existência, experiências vitais e consciências que produzem mudanças profundas na visão íntima do mundo e da vida. 
Essa colocação dos problemas mediúnicos sugere um conceito da mediunidade que nos leva às próprias raízes do Espiritismo. A Mediunidade nos aparece como o fun-damento de toda a realidade. O momento do fiat, da Criação do Cosmos, é um ato mediúnico. Quando o espírito estrutura a matéria para se manifestar na Criação, constrói o elemento intermediário entre ele e a realidade sensível ou material. A matéria se torna o médium do espírito. Assim, a vida é uma permanente manifestação mediúnica do espírito que, por ela, se projeta e se manifesta no plano sensível ou material. O Inteligível, que é o espírito, o princípio inteligente do Universo, dá a sua mensagem inteligente através das infinitas formas da Natureza, desde os reinos mineral, vegetal e animal, até o reino hominal, onde a mediunidade se define em sua plenitude. A responsabilidade do Homem, da Criatura Humana, expressão mais elevada do Médium, adquire dimensões cósmicas. Ele é o produto multimilenar da evolução universal e carrega em sua mediunidade indi-vidual o pesado dever de contribuir para que a Humanidade realize o seu destino cósmico. A compreensão deste problema é indispensável para que os médiuns aprendam a zelar pelas suas faculdades.

Herculano Pires
do livro: Mediunidade





FENÔMENO DE TRANSPORTE E DE TANGIBILIDADE

                                        
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·         O fenômeno de tangibilidade  (Tangível: que se pode tanger tocar instrumentos, soar, fazer sons). É um fenômeno sensível de golpes nas paredes e móveis, movimentos e levitação de matéria inerte mais pesada. É um fenômeno de natureza mais simples, realizando-se pela concentração e a dilatação de certos fluidos, e podem ser provocados e obtidos pela vontade e o trabalho de médiuns aptos, quando secundados por Espíritos amigos e benevolentes. As manifestações físicas tem por fim chamar a nossa atenção para alguma coisa e convencer-nos da presença de um poder superior ao homem. Os Espíritos elevados não se ocupam dessas manifestações, eles se servem dos inferiores para produzi-las, com a finalidade acima indicado. Atingida essa finalidade, cessa a manifestação, que não é necessária. Certa vez, quando Allan Kardec iniciava seus estudos de Espiritismo, ouviu golpes que soaram ao seu redor durante 4 horas seguidas. Kardec utilizou a mediunidade escrevente de um médium, e constatou que se tratava de um Espírito familiar, de ordem elevada, e que queria falar-lhe. Apontou erros nos estudos e, desde então, os golpes cessaram. As manifestações espontâneas nem sempre se limitam a ruídos e batidas. Degeneram às vezes em verdadeiras barulheiras e em perturbações. Móveis e objetos são revirados, projéteis diversos são atirados de fora (pedras), porta e janelas são abertas e fechadas por mãos invisíveis, vidraças se quebram e tudo isso não pode ser levado à conta de ilusão. Toda essa desordem é muitas vezes real, mas algumas vezes é apenas aparente. Ouve-se gritaria num cômodo ao lado, barulho de louça que cai e se despedaça, etc., corre-se para ver e encontra-se tudo tranqüilo em ordem. Mas a gente se retira porém, e o tumulto recomeça. Essas manifestações freqüentemente assumem o caráter de verdadeira perseguição. Ex.: 6 irmãs que moravam juntas e que, durante anos, encontravam de manhã suas roupas esparramadas, às vezes escondidas no teto, rasgadas e cortadas em pedaços . . .; tem acontecido muitas vezes que pessoas viram sacudir as cortinas, arrancar-lhes violentamente as cobertas e os travesseiros, foram erguidos no ar e às vezes até mesmo tirados fora do leito. Alguns casos são obra da malícia ou da malvadez, mas quando se averiguou suficientemente que não são produzidos por ninguém, para nós é obra dos Espíritos. Mas que Espíritos? Os Espíritos superiores, como os homens sérios entre nós, não gostam de fazer travessuras. Muitas vezes interpelamos esses Espíritos sobre o motivo de perturbarem o sossego alheio. A maioria quer apenas divertir-se. São Espíritos antes levianos do que maus. Riem dos sustos que pregam e do trabalho que dão para descobrir a causa do tumulto. Muitas vezes apegam-se a uma pessoa e se divertem a incomodá-la por toda parte. De outras vezes se apegam a um lugar por simples capricho. Algumas vezes também se trata de uma vingança. Em certos casos sua intenção é louvável: querem chamar a atenção e estabelecer comunicação.

·        O fenômeno de transporte trata-se geralmente do aparecimento de flores, frutos, de confeitos, doces, de jóias, etc. que não existem no lugar da reunião. Este objeto pode ser TRAZIDO (apport) de outro local para a reunião ou ser COMPOSTO pelo Espírito. É um fenômeno mais complexo, de natureza múltipla, exigindo a existência de condições especiais. Esses fenômenos só podem ser realizados por um só Espírito e um único médium e necessitam, além dos recursos para a produção da tangibilidade, uma combinação muito especial para isolar e tornar invisíveis o objeto ou os objetos a serem transportados. Os Espíritos se prestam muito pouco a produzi-los, porque isso exige de sua parte um trabalho quase material, que lhe causa aborrecimento e fadiga. Além disso, o estado do próprio médium lhes opõe uma barreira intransponível. 

OBS: Os Espíritos podem transportar objetos materiais de um lugar para outro. Pode torná-los invisíveis, mas não penetráveis  (em  lugares  fechados).  Podem  carregá-los  quando  quiser  e  só  o  largar  no  momento conveniente para faze-lo aparecer. Mas, nos objetos que o Espírito “compõe”, não há matéria, há apenas elementos da matéria, e esses elementos são essencialmente penetráveis como os raios solares atravessam as vidraças, podendo assim, os Espíritos introduzi-los num lugar, por mais fechado que ele esteja.
Os objetos tem aparência, pode tornar-se tangível (palpável), poderia ter o odor, ou seja, o Espírito pode dar não somente a forma do objeto, mas também as suas propriedades especiais (som, odor, etc.).
Os objetos que os Espíritos “compõe” e tornam tangíveis não poderiam ser usados, porque na realidade não possuem a mesma densidade material dos nossos corpos sólidos (da matéria). E a existência dos objetos formados são passageiras.
Pode-se, também, fazer uma fruta ou uma iguaria qualquer, podendo alguém come-la e sentir-se saciado, ou seja, produz a sensação da saciedade, mas não a saciedade propriamente dita, ou seja, ela dá a sensação que matou a fome, mas não matou. Assim ocorre com substâncias que curam doenças. O Espírito encarnado (na maioria da vezes assistido por um Espírito desencarnado) pode agir sobre a matéria elementar (Fluido Cósmico Universal) e portanto modificar as propriedades das coisas dentro de certos limites. Ele pode produzir uma modificação nas propriedades da água,  e nos fluidos orgânicos, que resulta o efeito curativo da ação magnética convenientemente dirigida. Mas estes casos são raros, excepcionais, e não dependem jamais da vontade de alguém, mas sim da permissão de Deus, caso contrário, todos se alimentariam e curariam de maneira vantajosa.     
Exemplos: “. . . Scheila ofereceu rosas a várias pessoas. Também tive a ventura de receber uma rosa orvalhada, com o talo quebrado (não era cortado). A minha rosa, ainda desabrochando, era linda.”

“O Espírito Valter, antigo companheiro espiritual do médium, estava presente e preparou-o para o fenômeno. Divaldo estendeu as mãos e as mais belas angélicas - flores do campo - foram caindo sobre elas esparzindo beleza, perfume e bons fluidos no ambiente. As angélicas estavam frescas pois haviam sido colhidas naquele instante. Algumas pessoas que estavam nesta reunião abençoada puderam levar para a casa uma angélica como símbolo da alegria, da paz e da união entre o plano físico e o espiritual.”

“Quando o Espírito Scheilla se materializou em uma daquelas sessões espíritas, em que me encontrava presente com outros confrades, na residência de André Luiz, irmão de Chico Xavier, perguntou-me o que gostaria que ela trouxesse. Eu tinha ouvido falar nos edelweiss – Violetas dos Alpes. Tenho uma amiga suíça, e ela me falava da beleza dos edelweiss, exatamente aqueles das cordilheiras suíças dos Alpes e recordando que Scheilla fora alemã em sua última existência terrena, eu lhe perguntei:
-          Você conhece edelweiss?
Ela respondeu-me que sim.
No mesmo instante cairam sobre mim vários edelweiss frescos e belos. Tirei um lenço e cobri as flores com ele. Scheilla fez então cair uma substância perfumada que ficou marcada no lenço e até hoje eu os tenho guardados comigo.”

“Mas o Sr. Aristides apresentou certo dia problemas com a sua saúde . . . Uma forte dor no peito o impedia de se mover. Divaldo, que vinha saindo da Casa Grande, viu que o Espírito Scheilla colocava em suas mãos uma substância de cor verde. Havia materializado o remédio em forma de gelatina em benefício do enfermo. O nosso médium passou o ungüento no peito do doente e a dor foi passando lentamente. Bem melhor e já sem dores, o casal partiu para o Rio de Janeiro, continuando lá o tratamento médico.”

“O Sr. W. Asano, presidente da Sociedade Japonesa de Ciência Psíquica, fez, no Congresso Internacional Espírita, uma comunicação bem interessente sobre um velho analfabeto de mais de sessenta anos, que mora no Condado de Ysé. Aos nove anos fizeram-no discípulo dum Tengu (um Espírito, ser misterioso do plano astral). De vez em quando esse Tengu o visita e o leva em viagem a diferentes lugares. Ele diz que em companhia desse ser super-humano pode percorrer várias centenas de milhas sem se cansar e em pouquíssimo tempo. E acrescenta que esse estranho ser muitas vezes lhe dá vários objetos, livros, pergaminhos, ou então ofertas para o santuário, como bolos de arroz, peixes secos, frutas, doces, etc.”

“William Crookes assinala ter cortado uma mecha de cabelos do Espírito de Katie, que conservou por longo tempo.”
Obs: Crookes, por volta de 1869, estudou o fenômeno por mais de 30 anos. Através de uma médium chamada Florence Cook, se manifestava o Espírito denominado Katie King. Ela apresentava diversos fenômenos, como levitação, escrita, materialização.

“Russel Wallace, que fez experiências transcendentais, também afirma ter verificado produções de ervas e flores que não existiam na Europa.”

“Os meninos Pansini, de Bari, que foram transportados à distância de 45 quilômetros, em 15 minutos, por várias vezes tiveram, no quarto em que se achavam presos, grande quantidade de doces, confeitos e bombons de todas as qualidades e trazidos, todos esses doces, por mãos invisíveis, sem que se pudesse como nem donde.”
Obs: Cap. V, item 99, pergunta 14, diz Erasto: “O Espírito pode transportar cem ou duzentos quilos de objetos, porque a gravidade que existe para vós não existe para ele. Mas neste caso também ele não percebe o que se passa. A massa de fluidos combinados é proporcional à massa de objetos, ou seja, a força deve estar na proporção da resistência. Assim, se o Espírito só transporta uma flor ou um objeto leve, é freqüentemente por não encontrar no médium ou nele mesmo os elementos necessários para um maior esforço.”

“Inúmeros são os casos de produções, por Espíritos de materiais comestíveis. Só os desconhece aquele que não estuda e não acompanha o Movimento Espírita, que se manifesta no mundo inteiro.” (Cairbar Schutel)


Perguntas feita por Allan Kardec aos Espíritos:

Kardec: Queres dizer-nos por que os transportes que produzes só se realizam durante o sono magnético do médium?
Espírito: Por causa da natureza do médium. Os fatos que produzo quando ele dorme, poderia igualmente produzir no estado de vigília do outro médium. 
Obs: O sonâmbulo apresenta um desprendimento natural, uma espécie de isolamento do Espírito e seu perispírito em relação ao corpo, que deve facilitar a combinação dos fluidos necessários. 

Kardec: Por que demoras tanto a trazer os objetos, e por que excitas a cobiça do médium, excitando-lhe o desejo de obter o objeto prometido?
Espírito: Necessito de tempo para preparar os fluidos que servem ao transporte. Quanto à excitação, muitas vezes tem apenas o fim de divertir os presentes e a sonâmbula. 
Obs: o Espírito que respondeu sabe apenas isso. Não tem consciência do motivo dessa excitação da cobiça, que provoca instintivamente e sem compreender-lhe o efeito. Ele pensa divertir, quando na verdade estimula, sem o saber, maior emissão de fluido. É uma decorrência das dificuldades que o fenômeno apresenta, dificuldades maiores quando ele não é espontâneo, e particularmente com outros médiuns. 

Kardec: A produção do fenômeno depende da natureza especial do médium, e seria impossível obte-lo com mais facilidade e presteza por outro médium?
Espírito: A produção do fenômeno depende da natureza do médium, e só se pode produzi-lo por meio de médiuns dessa natureza. Para a presteza, vale-nos muito o hábito adquirido no trato freqüente do mesmo médium.

Kardec: A influência das pessoas presentes pode embaraçá-lo de alguma maneira?
Espírito: Quando há incredulidade, oposição, da parte delas, podem criar-nos sérias dificuldades. Preferimos realizar nossas experiências com pessoas crentes e versadas no Espiritismo. Mas não quero dizer, com isso, que a má vontade nos pudesse paralisar por completo. 

Kardec: Onde pegaste as flores e os bombons que trouxestes?
Espírito: Tomo-os onde quero. O confeiteiro não percebeu nada, porque pus outros no lugar.

Kardec: Mas os anéis tem preço; onde os tomaste? Não ficou prejudicado aquele de quem os tiraste?
Espírito: Tirei-os de lugares que ninguém conhece, e o fiz de maneira que não prejudicará a ninguém.
Obs: Creio que o fato foi explicado de maneira incompleta, por falta de conhecimento do Espírito que respondeu. Sim, pode ter havido no caso um prejuízo real, mas o Espírito não quis passar por haver desviado alguma coisa. Um objeto só pode ser substituído por outro idêntico, da mesma forma e do mesmo valor. Assim, se um Espírito tivesse a possibilidade de substituir um objeto tirado, não haveria razão para a tirar, pois poderia dar o que serve de substituto.

Kardec: É possível transportar flores de outro planeta?
Espírito: Não, para mim isso não é possível. 

Kardec: Outros Espíritos teriam esse poder?
Erasto: Não, isso não é possível em razão das diferenças de meio ambiente.

Kardec: Podereis transportar flores de outro hemisfério; dos trópicos por exemplo?
Espírito: Desde que seja da Terra, posso.


Kardec: Os objetos que trouxeste podereis faze-los desaparecer e devolvê-los?
Espírito: Tão bem como os trouxe; posso devolvê-los, se quiser. 

Kardec: A produção do fenômeno de transporte não te exige um sacrifício, não te causa dificuldades?
Espírito: Não nos causa nenhuma dificuldade quando temos a devida permissão. Poderia causar-nos muitas se quiséssemos produzi-los sem estar autorizados.
Obs: Ele não quer dizer que é penosa embora o seja, pois é forçado a realizar uma operação por assim dizer material. 

Kardec: Quais as dificuldades que encontras?
Espíritos: Nenhuma além das más disposições fluídicas, que podem ser contrárias.

Kardec: Como trazes o objeto? Carregando-o com as mãos?
Espírito: Não, envolvo-o em mim mesmo.
Obs: Ele não explica claramente a sua operação, pois na verdade não envolve o objeto na sua pessoa. Como o seu fluido pessoal pode dilatar-se, é penetrável e expansível, ele combina uma porção desse fluido com uma porção do fluido animalizado do médium, e é nessa mistura que oculta e transporta o objeto. Não é certo dizer, portanto, que o envolve nele mesmo.

Kardec: Transportarias com mesma facilidade um objeto mais pesado: de cinqüenta quilos, por exemplo?
Espírito: O peso nada é para nós. Trago flores porque elas podem ser mais agradáveis que um objeto volumoso.
Obs: é certo. Ele pode transportar cem ou duzentos quilos de objetos, porque a gravidade que existe para vós não existe para ele. Mas neste caso também ele não percebe o que se passa. A massa de fluidos combinados é proporcional à massa de objetos. Numa palavra, a força deve estar na proporção da resistência. Assim, se o Espírito aó transporta uma flor ou um objeto leve, é freqüentemente por não encontrar no médium ou nele mesmo os elementos necessários para um maior esforço.

Kardec: Alguns casos de desaparecimento de objetos, por motivo ignorado, serão devidos aos Espíritos?
Espírito: Isso acontece com freqüência, muito mais freqüentemente do que pensais, e poderia ser remediado pedindo-se ao Espírito a devolução do objeto.
Obs: É verdade, mas às vezes o que foi levado, levado está. Porque esses objetos que somem da casa são quase sempre levados para muito longe. Mas, como a subtração de objetos exige quase as mesmas condições fluídicas dos transportes, só pode se dar com a ajuda de médiuns dotados de faculdades especiais. Por isso, quando alguma coisa desaparecer, é provável que se deva ao vosso descuido que a ação dos Espíritos.


Kardec: há efeito da ação de certos Espíritos que consideramos como fenômenos naturais?
Espírito: Vossos dias estão cheios desses fatos que não compreendeis, porque não pensastes neles, e que um pouco de reflexão vos faria ver com clareza.
Obs: Não se deve atribuir aos Espíritos o que é obra humana. Mas acreditai na sua influência oculta e constante, produzindo ao vosso redor mil circunstâncias, milhares de incidentes necessários à realização dos vossos atos e da vossa existência. Os espíritos estão por toda a parte, são uma das forças da Natureza em constante ação no Universo. Agem também ao nosso redor e dariam condições para o cumprimento dos nossos destinos. Não se trata de nada sobrenatural ou misterioso, mas de um aspecto da Natureza que o Espiritismo vem esclarecer.  

Kardec: Como introduziste outro dia esses objetos na sala que estava fechada?
Espírito: levei-os comigo, envolvidos por assim dizer, na minha substância. Não posso dizer mais, porque isso não é explicável.

Kardec: Como fizeste para tornar visível esses objetos, que estavam invisíveis?
Espírito: Tirei a matéria que os envolvia.
Obs: Não é a matéria propriamente dita que os envolve, mas um fluido tirado em parte do perispírito do médium e em parte (metade de cada um) do Espírito operador. 

Kardec: Um objeto pode ser transportado para um lugar completamente fechado; numa palavra, o Espírito pode espiritualizar um objeto material de maneira que ele possa penetrar a matéria?
Erasto: Esta questão é complexa. O Espírito pode tornar invisível os objetos transportados, mas não penetráveis. Não pode desfazer a agregação da matéria, o que seria a destruição do objeto. Tornando-o invisível, pode carregá-lo quando quiser e só o largar no momento conveniente para faze-lo aparecer. Bem diverso o que se passa com os objetos que compomos. Nestes introduzimos apenas os elementos da matéria, e como esses elementos são essencialmente penetráveis como atravessamos os corpos mais densos com a mesma facilidade dos raios solares atravessando as vidraças, podemos perfeitamente dizer que introduzimos o objeto num lugar, por mais fechado que ele esteja. Mas isto somente nesse caso.  

Cairbar Schutel, do livro: O Espírito do Cristianismo
Maria Anita Rosas Batista, do livro: Para Sempre em Nosso Coração
Allan Kardec, do livro: O Livro dos Médiuns












PERISPÍRITO

                                                    


O que é?
Perispírito é o envoltório semimaterial do espírito.
Também o denominam de corpo fluídico ou corpo espiritual.
É um dos mais importantes produtos do FCU (Fluido Cósmico Universal).

Origem e natureza
O perispírito tem sua origem no fluido cósmico universal, retirado do mundo ou plano ao qual o espírito está relacionado.
É também matéria, como o corpo de carne, mas em estado diferente, mais sutil, quintessenciada(o máximo de apuro); não é rígida como a do corpo físico e, sim, flexível e expansível, o que torna o perispírito muito plasmável sob a ação do espírito.
Assim como o corpo físico, o perispírito tem uma estrutura e fisiologia (órgãos), mas não tem inteligência nem autonomia (agir por vontade própria). Não é, pois, "um outro ser", mas apenas um instrumento do espírito, tal como o corpo físico.

"Tem a forma que o Espírito queira. É assim que ele aparece algumas vezes, quer em sonho, quer no estado de vigília, e que pode tomar forma visível, mesmo palpável" (OLE, questão 95)..

Funções
1)      Liga o espírito à matéria (neste como em outros mundos) e a ele serve de instrumento para agir sobre o plano fluídico ou o material.
2)      Guarda o registro dos efeitos de toda a ação do espírito.
3)      Permite que os espíritos se identifiquem e reconheçam uns aos outros, no plano espiritual.
4)      É o molde, a fôrma do ser corpóreo.

Perispírito e encarnação
O Perispírito preexiste ao corpo físico.
Para o espírito encarnar: um laço fluídico (que é uma expansão do perispírito) se liga ao óvulo fecundado e vai presidindo à multiplicação das células, uma a uma, dirigindo a formação do corpo. Quando este se completa, está inteiramente ligado ao perispírito, "molécula a molécula".

Observação importante: Do ponto de vista espírita, portanto, desde a fecundação do óvulo, um espírito se ligou a ele e está trabalhando para formar o corpo de que precisa para viver neste mundo e continuar sua evolução.

Sabendo disto, não provocar o aborto, para respeitar o direito de viver do espírito reencarnante, que é um nosso irmão ante Deus.
O uso de anticoncepcionais é preferível ao aborto, mas não deve levar ao sexo irresponsável. O sexo serve à procriação e à permuta (troca) de energias entre homem e mulher. Não deve ser reduzido a mero instrumento de sensações prazerosas, nem deve ser exercitado excessivamente ou promiscuamente, mas sempre com equilíbrio e responsabilidade moral.
Quem ignora as implicações espirituais do aborto e o praticou, ou induziu à sua prática, ou de alguma forma a ajudou, procure compensar o mal feito da maneira que estiver ao seu alcance: favorecer o nascimento que antes impediu, ajudar gestantes carentes a terem seus filhos, amparar recém-nascidos, alertar e orientar quem estiver querendo praticar o aborto para que não o faça etc.

Durante a encarnação: o perispírito serve de intermediário entre o espírito e a matéria, transmitindo ao espírito as impressões dos sentidos físicos e comunicando ao corpo as vontades do espírito.


Ao desencarnar: quando o corpo morre, o perispírito dele se desprende e continua a servir ao espírito, como seu corpo fluídico que é e como seu intermediário para com o plano espiritual ou material. Preexistia ao corpo e a ele sobrevive.
Sobrevivendo ao corpo, o perispírito vem a provar a imortalidade do espírito. É ele (e não o espírito em si) que vemos nas aparições e visões; e é ele que serve de instrumento para as manifestações do espírito aos nossos sentidos.
Geralmente, a aparência que o perispírito guarda é a da última encarnação; ela poderá ser modificada (se o espírito quiser e souber como fazer isso), porque a substância sutil do perispírito é maleável e plasmável.
Apresenta-se com o vestuário, os sinais exteriores - enfermidades, cicatrizes, membros amputados, etc. - que tinha então. Um decapitado se apresentará sem a cabeça. Não quer isso dizer que haja conservado essas aparências, como Espírito, ele não é coxo, nem maneta, nem zarolho, nem decapitado; o que se dá é que, retrocedendo o seu "pensamento" à época em que tinha tais defeitos, seu perispírito lhes toma instantaneamente as aparências, que deixam de existir logo que o mesmo pensamento cessa de agir naquele sentido. O Espírito cria fluidicamente os objetos que ele esteja habituado a usar. Um avarento manuseará ouro, um militar trará suas armas e seu uniforme, um fumante o seu cachimbo, etc. Os objetos são tão reais, como o eram, no estado material, para o homem vivo; mas, pela razão de serem criações do pensamento, a existência deles é tão fugitiva quanto a deste. (AG, cap. XIV, item 14)

Sua evolução

O perispírito acompanha o espírito sempre, em todas as etapas de sua evolução.
Vai se tornando mais etérea, à medida que o espírito se aperfeiçoa e eleva. Nos espíritos puros, já se tornou tão etéreo que, para os nossos sentidos, é como se não existisse.
A contextura do perispírito não é idêntica para todos os espíritos, ainda que sejam de um mesmo mundo. Isso porque a camada fluídica que envolve um mundo não é homogênea (toda igual) e o espírito, ao formar seu perispírito, dela atrairá os fluidos mais ou menos etéreos, sutis, segundo suas possibilidades.
Espíritos inferiores tem perispírito mais grosseiro e, por isso, ficam imantados ao mundo que habitam, sem se poderem alçar planos mais evoluídos. Alguns chegam a confundir seu perispírito (de tão grosseiro que é) com o corpo material e podem experimentar sensações comparáveis às de frio, calor, fome, etc.

Os espíritos superiores, ao contrário, podem livremente ir a outros mundos, fazendo as necessárias mutações em seu perispírito, para adaptá-lo ao tipo fluídico do mundo aonde vão.


                                ALTERAÇÕES  TRANSITÓRIAS  DA  FORMA

Uma das características da matéria espiritual é o fato dela ser muito dócil à ação plasmatizante do pensamento. Ela sofre a ação do pensamento e se modela de acordo com as sugestões do mesmo. Isto nos permite compreender uma série de fenômenos do plano espiritual. Um deles é o fato de que, estando o espírito condicionado que está doente, enfiridado ou aleijado, plasma em seu organismo, por mecanismos de auto-sugestões mentais, os sinais das moléstias que acredita possuir, enferidando-se ou provocando aleijões. No entanto, basta se libertar dos condicionamentos para que o organismo espiritual volte a se apresentar totalmente saudável.
Estas sugestões podem também chegar ao espírito por via indireta, através de forte sugestão mental vinda de um outro espírito. André Luiz, espírito que nos escreve através da mediunidade psicográfica de Chico Xavier, conta em seu livro Libertação como uma mulher no plano espiritual, após sofrer fortes sugestões mentais hipnóticas de um outro espírito de que era uma loba, acabou por acatá-las, incorporando-as ao seu perispírito, cuja matéria espiritual se modelou de acordo com as sugestões. Gradativamente, as expressões fisionômicas dessa senhora foram se modificando até tomar a forma de uma loba.
Estes fenômenos de transformação fisionômica do espírito por sugestões hipnóticas é conhecido como "licantropia". No entanto, é preciso que se esclareça que esta é uma alteração provisória e não definitiva, pois quando cessam as sugestões hipnóticas, imediatamente o indivíduo recupera sua fisionomia humana. Portanto, não se trata de um retrocesso evolutivo, o que nunca acontece, conforme nos esclarece a doutrina espírita.

PERCEPÇÕES  E  SENSAÇÕES

No corpo físico, a percepção do mundo exterior é feita através dos órgãos dos sentidos. Exceto o fato que nos permite perceber o meio que nos cerca através de todo o nosso organismo, nós só podemos ouvir pelos nossos ouvidos, ver pelos olhos, degustar pelo paladar e sentir os odores pelo nosso olfato.
No entanto, no plano espiritual, pode-se perceber o mundo espiritual através de todo o perispírito, isto é, pode-se ver, sentir, ouvir, perceber odores e o gosto das substâncias por qualquer parte do perispírito e não somente pelos órgãos dos sentidos.
Alguns fatos paranormais estudados por nossos cientistas parecem apoiar estes conceitos. O dr. César Lombroso, famoso metapsíquista italiano, trabalhou com sensitivas que apresentavam uma sensibilidade exacerbada quando em estado hipnótico. Estas sensitivas, quando em transe hipnótico, eram capazes de perceber odores e sons pelas mais variadas localizações de seu corpo, eram, por exemplo, capazes de sentir odores pelos pés, ouvirem pelos joelhos, etc.
Se formos explicar o fato pela teoria espírita, o que ocorre é que no indivíduo em transe hipnótico, o perispírito se expande e se exterioriza além dos limites corporais. Como a sensibilidade do perispírito é global, a capacidade de penetrar o meio externo pode acontecer em qualquer ponto do organismo. No entanto, quando o indivíduo sair do estado hipnótico, o perispírito se recolhe aos limites do corpo físico e a percepção exterior volta a ser feita apenas através dos sentidos físicos.
Outros fatos que também parecem cooperar para que se acredite na sensibilidade global do perispírito são as experiências conscientes de desdobramento. O sr. Monroe, de nacionalidade norte-americana, apresenta esta interessante característica de se desdobrar conscientemente. Muitas dessas experiências ele relata em seu livro Viagens Fora do Corpo.
Em uma dessas viagens, conta o sr. Monroe que andava por um determinado local quando, sem que virasse a cabeça, teve a sensação de ter visto um determinado objeto que estaria situado atrás dele. Ao voltar a cabeça para trás, constatou a presença do objeto. Em inúmeras outras experiências de desdobramento, percebeu que poderia ver sem os olhos, até tomar consciência de que, estando desdobrado em seu perispírito, poderia ter uma visão de 360° e não necessitaria dos olhos para ver. Ver pelos olhos era tão somente um condicionamento que adquirira com seu corpo físico. Como já conhecemos, a matéria que compõe o perispírito dos espíritos depende do grau evolutivo do mesmo. Quanto mais evolutivo, maior é a capacidade do espírito de atrair átomos mais sutis da matéria espiritual para formar seu perispírito. Esses átomos mais sutis são de pouca densidade e muitas vezes emitem luminosidade. Esta baixa densidade permite a esses espíritos sofrerem uma atração gravitacional muito pequena do planeta onde se encontram, o que lhes facilita a locomoção e permite a alguns deles a volitação, isto é, a capacidade de voar. A luminosidade irradiada pelos átomos espirituais permite que esses espíritos irradiem luz e até mesmo possam ser reconhecidos por seu espectro luminoso.

FENÔMENOS  MEDIÚNICOS

Todos os fenômenos mediúnicos acontecem graças às propriedades do perispírito. Portanto, no perispírito se encontra a chave para o conhecimento desses fenômenos.
O espírito não entra no médium. A comunicação é sempre através do perispírito, que vai ceder campo ao desencarnado.
Para que aconteça o fenômeno mediúnico, é preciso que o perispírito se expanda e se exteriorize para além do corpo físico. É o que Kardec chama de "exteriorização do perispírito". Assim expandido, o perispírito passa a exibir suas propriedades, apercebendo-se do meio espiritual que o cerca. Se essa percepção não impressionar nenhuma área específica do cérebro, o indivíduo tem uma percepção geral do plano espiritual, que lhe chega à consciência geralmente na forma de impressões emocionais, como de agrado ou desagrado. Quando estas impressões conseguem atingir determinadas áreas cerebrais, elas podem ser específicas e o indivíduo pode "ver" ou "ouvir" o mundo espiritual.
Os espíritos podem, por sua vontade (e isto também está na dependência de suas aquisições evolutivas), condensar as moléculas de seu perispírito até que as mesmas se aproximem das características das moléculas da matéria física, o que permite que sejam vistos pelos médiuns videntes.
A bicorporiedade é a visualização do espírito de um indivíduo encarnado em desdobramento, isto é, com seu perispírito afastado de seu corpo físico, poderá também sofrer uma condensação de moléculas, que, se forem de grande intensidade, poderá impressionar até os olhos físicos de qualquer criatura, dando a impressão de que o indivíduo tem dois corpos, o que é vulgarmente conhecido como "homens duplos".
  
O médium em desdobramento pode deslocar seu perispírito apenas alguns centímetros do corpo físico denso ou se projetar a grandes distâncias.

TRANSFIGURAÇÃO  DO  PERISPÍRITO

Na transfiguração, o médium em transe mediúnico sofre um apagamento de seus traços fisionômicos e aparece a fisionomia da entidade comunicante.
O que parece ocorrer é que há uma exteriorização do perispírito do médium além dos limites de seu corpo físico. Por mecanismos de afinidades, ocorre uma sintonia do perispírito da entidade que deverá se comunicar, formando-se uma atmosfera psíquica perispiritual comum entre o médium e a entidade. Através desta atmosfera perispirítica comum, há uma simbiose de pensamentos, sentimentos e sensações de ambos. Em seguida, as moléculas do perispírito do médium sofrem uma condensação, formando uma névoa brumosa em torno do médium, escondendo seus traços fisionômicos. Por mecanismos telepáticos, o médium recebe as impressões fisionômicas da entidade comunicante e o próprio psiquismo do médium impressiona seu perispírito com os traços fisionômicos da entidade comunicante, dando a impressão de que a entidade entrou no corpo do médium. Este tipo de fenômeno é bastante raro.
Allan Kardec cita um caso de transfiguração, no O Livros dos Médiuns, que ocorreu  entre os anos de 1858 e 1859, nas cercanias de Saint-Étienne. Uma jovem de uns 15 anos gozava da estranha faculdade de se transfigurar, ou seja, de tomar em dados momentos todas as aparências de algumas pessoas mortas. A ilusão era tão completa que se acreditava estar na presença da pessoa, tamanha a semelhança dos traços do rosto, do olhar, da tonalidade da voz e até mesmo das expressões usuais na linguagem. Esse fenômeno repetiu-se centenas de vezes, sem qualquer interferência da vontade da jovem. Muitas vezes tomou a aparência de seu irmão, falecido alguns anos antes, reproduzindo-lhe não somente o semblante, mas também o porte e a corpulência.
O caso mais inusitado de que se tem notícia é o fenômeno da transfiguração de Cristo no Monte Tabor.
"Contam-nos os evangelistas que , certa feita, Cristo convidou 3 de seus discípulos (Pedro, João e Tiago) para orarem com ele numa alta montanha, o Monte Tabor. Estando Cristo em oração, eis que o rosto deste resplandece como o sol, suas vestes ficam alvas como a luz e, como esta, surgiram  Moisés e Elias a seu lado. . . "

OS ÓRGÃOS DO PERISPÍRITO

Pela simples observação do corpo físico, pode-se deduzir que o perispírito também possui algo semelhante a órgãos, isto é, conjuntos de moléculas cuja configuração especial é destinada à execução de determinadas funções. Tais aglomerados moleculares, evidentemente, são apropriados ao funcionamento na vida extrafísica, promovendo a captação e assimilação de energias e fluidos necessários à sua manutenção, que se processam de modo essencialmente diverso da vida física.
Por isso mesmo, os órgãos do perispírito não podem ser iguais aos do corpo denso, mas determinam, pelas linhas de força que os caracterizam, a conformação e distribuição funcional destes últimos, os quais estão adaptados à execução e às funções específicas conforme a evolução biológica. Os órgãos do perispírito podem ser lesados pela ação desordenada ou maléfica da mente do ser.
O gênero de vida de cada indivíduo carnal determina a densidade do organismo perispirítico após a perda do corpo denso. O mundo espiritual guarda íntima ligação com o progresso moral que realizamos. À medida que crescemos moralmente, nosso perispírito vai ficando gradativamente mais leve e, assim, podemos nos movimentar em planos mais sutis.

PSICOPATOLOGIAS  DO  PERISPÍRITO

O homem selvagem emprega a força e a astúcia para dominar os seres inferiores e a natureza à sua volta, mas não tem preparo algum para enfrentar o grande desconhecido que se descortina para ele após a morte física.
Assim, depois do óbito, permanece tímido ao pé dos seus, em cuja companhia passa a viver em outras condições vibratórias e em processos variados de simbiose, ansioso por voltar à existência corpórea. Mantém-se, assim, vinculado à choça, aos seus e "não tem outro pensamento senão voltar ao convívio revitalizante daqueles que lhe usam a linguagem e lhe comungam os interesses."
O espírito do selvagem perde os órgãos do corpo espiritual, que se lhe atrofiam por falta de função. Isso porque se estabelece em seu íntimo o monoideísmo, a idéia fixa de voltar para a carne, cujo desejo eclipsa (encobre, oculta) todas as demais.
Dá-se o que André Luiz chama de "monoideísmo auto-hipnotizante", provocado por um pensamento fixo-depressivo nascido de sua inadaptação ao mundo extrafísico. Por esse processo, o desencarnado perde seu corpo espiritual, transformando-se em ovóide, forma pela qual expressa seu corpo mental.

As disfunções e o monoideísmo

No monoideísmo, o núcleo da visão profunda, localizado no centro coronário, sofre disfunção específica, na qual o espírito contemplará tão somente os quadros terríficos relacionados com as culpas contraídas, deixando de observar tudo o mais.
Vejamos o caso de Leonardo Pires, (citado por André Luiz no livro Entre a Terra e o Céu), desencarnado há 20 anos e que vive agora na casa da neta, Antonina. Apresenta-se como um velhinho, de acordo com seus últimos dias terrestres. A mente dele, porém, está fixada nos lances da última existência, com recordações que o obcecam.
Quando jovem, foi empregado do marechal Guilherme Xavier de Souza e hoje conserva a mente detida num crime de envenenamento que cometeu quando integrava as forças brasileiras acampadas em Piraju, no Paraguai. Enciumado, sentindo-se preterido (colocado de lado) pela mulher leviana com a qual se relacionava, por causa de um colega de farda, Leonardo idealizou o crime e o executou, utilizando vinho envenenado. Como as tropas deveriam seguir rumo ao Paraguai, o caso foi encerrado sem maiores investigações. Leonardo seguiu em frente, convivendo por algum tempo com a mulher que fôra pivô do crime, mas se casou ao regressar para o Brasil.
No leito de morte, reconheceu que a lembrança do referido crime castigava seu mundo íntimo, centralizando todos os episódios apenas nesse. No além, o monoideísmo persistiu. Com olhar de louco, segue a única imagem que se vitaliza a cada dia em sua memória, ao influxo da própria consciência que se considera culpada.
Como ensinaram os espíritos reveladores a Allan Kardec na questão 621 de O Livro dos Espíritos, "a lei de Deus está inscrita na consciência". E ninguém pode ludibriá-la impunemente.

Parasitas Ovóides

Há espíritos que perdem a forma humana de apresentação de seu perispírito, surgindo como esferas ovóides. "Pela densidade da mente, saturada de impulsos inferiores, não conseguem se elevar e gravitam ao redor das paixões absorventes que, por muitos anos, elegeram como centro de interesses fundamentais" (Libertação, de André Luiz).
Inúmeros desencarnados, empolgados pela idéia de fazerem justiça com as próprias mãos ou apegados a vícios aviltantes (humilhantes), por repetirem infinitamente essas imagens degradantes, acabam em deplorável fixação monoideística, fora das noções de espaço e tempo, sofrendo enormes transformações na morfologia do psicossoma. Por falta de função, os órgãos psicossomáticos ficam retraídos e surge a forma ovóide. Atingida esta forma, permanecem colados àqueles que foram seus sócios nos crimes, obedecendo à orientação das inteligências que os entrelaçam na rede do mal. Por isso, servem às empreitadas infelizes nos processos de obsessão.
Nas regiões inferiores, onde André Luiz esteve em missão de paz na companhia do instrutor Gúbio e que estão descritas no extraordinário livro Libertação, um grande número de entidades transportavam essas esferas como se estivesses imantadas às suas próprias irradiações.
O médico desencarnado explicou que esses ovóides são pouco maiores que um crânio humano, variando muito nas particularidades, alguns denunciam movimento próprio, como se fossem grandes amebas, outros parecem em repouso, aparentemente inertes, ligados ao halo vital de outras entidades. Qual a situação psíquica desses ovóides? A maioria deles dorme em estranhos pesadelos, incapazes de exteriorizações maiores.

Deformações do Corpo Espiritual

Ao lado de espíritos que já conquistaram belas vestes de apresentação, encontramos outros cujos psicossomas revestem-se de verdadeiras deformidades. No livro Libertação, André Luiz teve oportunidade de constatar, de forma inesperada, um caso com essas alterações.
A senhora de um médico revelava extremo cuidado com a aparência externa, apresentando-se sempre muito bem penteada e maquiada. Entretanto, o médico desencarnado teve oportunidade de vê-la como autêntica bruxa, igual àquelas dos contos infantis, quando, pela ação do sono, seu perispírito se desprendeu do corpo físico. Realmente as aparências enganam!
Em Evolução em Dois Mundos, André Luiz utiliza a nomenclatura corrente no mundo espiritual para designar as diversas alterações do psicossoma conseqüentes de patologias mentais diferentes. "Adinamia" seria a queda mental no remorso e "hiperdinamia", a patologia conseqüente dos delírios da imaginação, provocando hipo ou hipertensão no movimento circulatório das forças que o mantêm. Utiliza também a denominação "miopraxia do centro genésico atonizado" para designar a patalogia do organismo sutil no caso do aborto provocado, que seria a arritmia do chacra responsável pela organização das energias sexuais.
Em Ação e Reação, nos trabalhos de socorro da Mansão Paz, estabelecimento situado nas regiões inferiores, foi recolhido um desencarnado cujo rosto era disforme, todos os traços se confundiam como se fosse uma esfera estranha e, além disso, braços e pernas eram hipertrofiados, enormes. Depois de consultá-lo, o instrutor Druso afirmou que o desencarnado em questão encontrava-se sob terrível hipnose, tendo sido conduzido a essa posição por adversários temíveis, que, para torturá-lo, fixaram sua mente em alguma penosa recordação. Era Antonio Olímpio, o fazendeiro que assassinara os dois irmãos e cujo crime passou despercebido da justiça humana. Sua história está também no estudo da fixação mental.
Em Libertação, porém, os relatos reportam-se a zonas muitíssimo inferiores, as regiões infernais. Lá estão presentes a velhice, a moléstia, o desencanto, o aleijão, as deformidades de toda a sorte e os ovóides. O perispírito de todos os habitantes dessas regiões é opaco como o corpo físico e pode sofrer ainda alterações mais profundas, deixando sua forma humana para se apresentar como a de um animal. É o fenômeno conhecido genericamente como "zoantropia", mas que tem na "licantropia" (transformação em lobo) o processo mais conhecido.
Nas regiões inferiores, uma mulher é julgada por um tribunal constituído de entidades inteligentes e perversas, caso citado no livro Libertação. Diante dos juizes, confessou que matou 4 filhinhos e contratou o assassinato do próprio marido, entregando-se depois às "bebidas de prazer", mas nunca pôde fugir da própria consciência. Através de um olhar temível, o juiz a sentenciou, dizendo que ela não passava de uma loba. A mulher desencarnada passou a se modificar paulatinamente diante da sentença repetida várias vezes, chegando ao resultado final da licantropia. Segundo explicações espirituais, ela não passaria por essa humilhação se não a merecesse. No entanto, a renovação mental depende única e exclusivamente dela. Deus mantém a senda redentora sempre aberta a seus filhos.
Tornou-se clássica na literatura espiritualista o caso de Nabucodonosor, rei cruel e despótico que viveu se sentindo como animal durante sete anos. Diz a Bíblia (Dn 4:33) que "o seu corpo foi molhado de orvalho do céu, até lhe cresceu pêlo como as penas da águia e suas unhas como as das aves."         

O perispírito retrata nosso estado mental, pois a matéria espiritual que  está  agregada  ao  corpo
espiritual depende do grau de desenvolvimento  moral  e espiritual do espírito.