sexta-feira, 4 de junho de 2010

O 1º PAPA ERA CASADO?


Simão Pedro levou Jesus e dois companheiros Tiago e João, ao seu lar. Lá, encontraram a “sogra” de Pedro febril. Jesus a curou.
Então, Pedro tinha sogra? Ele era casado?
Pedro seria consagrado na Idade Média como o primeiro papa. Um sumo pontífice casado! Por que não? Não há nos ensinamentos de Jesus qualquer referência a suposta incompatibilidade entre a vocação religiosa e o matrimônio. Em nenhum momento Jesus impõe o celibato como algo indispensável para que o indivíduo se integre nas funções de orientador espiritual de uma comunidade, mesmo um papa. Não havia imposição do celibato na primitiva comunidade cristã. Os fiéis, em qualquer posição da hierarquia religiosa, casavam-se, conscientes da perfeita compatibilidade entre seus compromissos espirituais e familiares. Pedro é um exemplo maior.
A partir do século quarto, quando Constantino iniciou o processo que transformaria o Cristianismo em religião oficial do Império Romano, o movimento se institucionalizou e surgiu o profissionalismo religioso. A partir daí houve lamentáveis desvios. Um deles foi a imposição do celibato, consagrado no concílio de Latrão, no ano de 1139. dentre os objetivos, 3 são primordiais:

1º - Preservar os bens da instituição. Sacerdotes casados tenderiam a privilegiar a formação de seus próprios patrimônios;

2º - Preservar a castidade. O sexo, para os teólogos medievais, era algo pecaminoso. Como poderia o ministro de Deus, o orientador religioso, exercita-lo? Seria um sacrilégio;

3º - Preservar a dedicação plena. Compromissos e problemas familiares desviariam o sacerdote de seus deveres com a comunidade dos fiéis.


Em defesa do celibato sacerdotal, muitos lembram-se das palavras de Paulo de Tarso, na 1ª epístola aos Coríntios, cap. 7, vers. 8, diz o apóstolo:
- E aos solteiros e viúvos, digo que lhes seria bom se permanecessem no estado em que também vivo.
Se os cristãos levassem sua observação ao pé da letra, estariam contribuindo para a extinção da raça humana. Considera-se, entretanto, que ele se referia aos que se dedicam às atividades religiosas. Melhor que não assumam compromissos conjugais para que tenham maior liberdade nos serviços da fé. Mas Paulo não instituiu um dogma, tanto que acentua em seguida:
- Caso, porém, não se dominem, que se casem, porque é melhor casar do que abrasar.
Se o impulso do acasalamento, instintivo na natureza humana, fala alto, é razoável que o religioso constitua família, sem abdicar de seu ideal.
Muitos Espíritos reencarnam para sagradas tarefas no seio da religião.
Desde cedo sentem a convocação da espiritualidade.
Se católicos, entram para o seminário, preparando-se para o sacerdócio. Podem, entretanto, não ter vocação para o celibato e a castidade. Enfrentam dorida solidão. Experimentam o desejo sexual, ardem-se em fantasias e sonhos eróticos. Atormentam-se. Tem dramas de consciência.
- São os demônios – proclamam seus superiores.
- São os hormônios – esclarecem os médicos.
É a sexualidade a desabrochar, sinalizando o acasalamento. Muitos sucumbem aos apelos da Natureza. Abandonam seus compromissos ou se envolvem em ligações proibidas. Culpados? Não! Culpa de uma disciplina que contraria a lei natural. Há representantes ilustres, vultos da Humanidade, com atuação marcante em favor do progresso humano, que foram casados e tiveram filhos. Ex.: Bezerra de Menezes, Cairbar Schutel, Hermínio Miranda, Hernani Guimarães Andrade, Allan Kardec . . .
Se é erro o homem negligenciar a família humana para cuidar da família universal, não menos equivocado está aquele que se dedica exclusivamente à família humana, esquecendo-se da família universal. Pois, muitos casais prendem-se ao conceito estreito de família como ligação consangüínea, um clube fechado pelas chaves do sangue. Nesses lares são precárias a paz e a harmonia, suas raízes de estabilidade emocional e espiritual são frágeis e curtas. Para pessoas assim, que compõem grande parcela da Humanidade, problemas e limitações, contrariedades e dissabores, normais na Terra, tornam-se dramas terríveis, sempre que atingem o agrupamento familiar. Por isso, o amor que inspira o anseio de uma vida em comum, onde os filhos apresentam-se como frutos abençoados de afetividade, somente se manterá em plenitude, sem enganos, sem temores, sem desequilíbrios, quando suas raízes se estenderem além das paredes estreitas do lar.
O acasalamento nos realiza como filhos do homem.
A solidariedade nos realiza como filhos de Deus.
E se amamos a família consangüínea e muito nos preocupamos com ela, multiplicando rogativas ao céu em seu benefício, recordemos que Jesus foi até a sogra de Pedro porque Pedro estava com Jesus.

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