sábado, 20 de agosto de 2011

PODEMOS OBTER CURA PELA PRECE?


Esta pergunta foi feita por Allan Kardec aos Espíritos. E está no Livro dos Médiuns, cap. XIV, item 176, pergunta nº 8. E a resposta foi a seguinte: "SIM, ÀS VEZES DEUS O PERMITE. MAS TALVEZ O BEM DO DOENTE ESTEJA EM CONTINUAR SOFRENDO E ENTÃO SE PENSA QUE A PRECE NÃO FOI OUVIDA.”

E para explicar melhor esta resposta, o Espírito Irmão X, através da psicografia de Chico Xavier conta uma bela história no livro “Luz Acima”: “Ildefonso era filho de D. Malvina Chaves, que há quatro anos encontrava-se semi-acamado; preso à situação difícil, assemelhava-se a um cordeiro. Ele parecia gostar das preces maternas, dedicava-se à leitura edificante e sabia conversar, respeitoso e gentil, encorajando quem o visitava. Malvina o contemplava comovidamente, e pedia através da prece ao Médico Divino, a cura para o filho. As lágrimas do sublime coração materno sufocavam as palavras na garganta, emocionando os amigos espirituais que a assistiam em silêncio. No propósito de obter a concessão celeste, a prestativa senhora comprometeu-se em trabalhar ainda mais em prol do próximo. D. Malvina visitava moribundos, amparava sofredores, protegia crianças abandonadas e arriscava a própria saúde praticando a caridade, conquistando prestigiosos colaboradores no plano invisível. Entidades espirituais intercediam pela mãe virtuosa implorando diariamente pela cura de Ildefonso. E explicavam que na hipótese de o enfermo não merecer a graça, que fosse considerado os méritos da mãe, mulher admirável na fé e no devotamento. Os pedidos se multiplicaram tanto que, um dia, a ordem chegou do Mais Alto, determinando que o jovem fosse reajustado. Os trabalhadores invisíveis, felizes, aguardaram o momento adequado; e quando surgiu um médium notável, no setor da tarefa curativa, a Senhora Chaves foi inspirada a conduzir o filho até ele. A mãezinha estava confiante. Então, o servo da saúde humana, cercado de Espíritos amorosos, agradeceu, orou, impôs as mãos sobre o hemiplégico e transmitiu, vigorosamente, os fluidos regenerativos dos benfeitores desencarnados. Em breves dias, o prodígio estava realizado. Ildefonso recuperou o equilíbrio orgânico, integralmente. E a mãe, feliz, celebrou a bênção, multiplicando serviços de compaixão fraterna e gestos de elevada renovação espiritual. Após um mês, Dona Malvina começou a desiludir-se. Ildefonso, curado, era outro homem. Perdeu o amor pelas coisas sagradas. Pronunciava palavrões de minuto a minuto. Convidado à prece, dizia, indelicado, que a religião era material de enfermarias e asilos e que não era doente nem velho para ocupar-se de semelhante serviço. Trocava o dia pela noite, tamanha era a pressa de ir para as noitadas barulhentas. Suas despesas desordenadas não tinham fim. Se a mãezinha pedia mudança de atitudes, sorria, zombava, declarando a intenção de recuperar o tempo que perdera através de espreguiçadeiras, remédios e injeções. Com 10 meses era um transviado autêntico. Embriagava-se todas as noites, voltava ao lar nos braços de amigos e, chegou a falsificar a assinatura de um tio em escandaloso saque de grande proporções. A generosa mãe não sabia como resolver o problema do filho rebelde e ingrato. Queixas surgiam de toda parte. A abnegada mãe via-se aflita e estonteada, sem saber como reajustar a situação, quando, certa noite, pedindo ao filho embriagado que lhe respeitasse os cabelos brancos, foi por ele agredida a pancadas que lhe provocaram angustiosas feridas no coração. Sem palavras de revolta, D. Malvina, procurou seu quarto, em silêncio, e rogou em prece pelo FUTURO ESPIRITUAL de seu filho. Ela compreendeu os planos sábios e justos de Deus. Então, intensa luminosidade espiritual resplandecia em torno de sua cabeça venerável. E uma nova bênção desceu do Mais Alto e, com surpresa de todos, no dia imediato, Ildefonso acordou paralítico.”

Deus ouve nossos pedidos. Mas talvez O BEM ESTEJA EM CONTINUAR SOFRENDO, como disseram os Espíritos.

Como explica Allan Kardec no O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVIII, prefácio da prece 26: “PODEMOS PEDIR A DEUS FAVORES TERRENOS E ELE PODE NOS CONCEDER, QUANDO TENHAM UM FIM ÚTIL E SÉRIO. MAS, COMO A UTILIDADE DAS COISAS SEMPRE A JULGAMOS DO NOSSO PONTO DE VISTA E COMO AS NOSSAS VISTAS SE CIRCUNSCREVEM AO PRESENTE, NEM SEMPRE VEMOS O LADO MAU DO QUE DESEJAMOS, DEUS, QUE VÊ MUITO MELHOR DO QUE NÓS E QUE SÓ O NOSSO BEM QUER, PODE RECUSAR O QUE PEDIMOS, COMO UM PAI NEGA AO FILHO O QUE LHE SEJA PREJUDICIAL. SE NÃO NOS É CONCEDIDO O QUE PEDIMOS, NÃO DEVEMOS POR ISSO ENTREGAR-NOS AO DESÂNIMO; DEVEMOS PENSAR, AO CONTRÁRIO, QUE A PRIVAÇÃO DO QUE DESEJAMOS NOS É IMPOSTA COMO PROVA, OU COMO EXPIAÇÃO, E QUE A NOSSA RECOMPENSA SERÁ PROPORCIONAL À RESIGNAÇÃO COM QUE A HOUVERMOS SUPORTADO.”

Texto de Rudymara




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