sexta-feira, 29 de novembro de 2013

APPORT E ENDOPPORT


                                     

A palavra apport e endopport são de origem francesa. Apport significa "trazer", e endopport significa "trazer para dentro".

Mas, o que vem a ser exatamente apport e endopport ?

Apport é o fenômeno de introdução de objetos em locais ou móveis fechados. Por exemplo: uma flor, uma cadeira, uma pedra, etc., são transportadas para uma sala totalmente fechada e sem nenhuma abertura por onde esses objetos possam passar. William Crookes, cientista e estudioso da doutrina, que a principio não acreditava nessa possibilidade, desafiou os espíritos a fazerem coisa muito mais simples: baixar o prato de uma balança lacrada de laboratório. Porém, ao prosseguir em suas pesquisas, Crookes viu e constatou a veracidade do fenômeno com objetos maiores e muitas vezes bastante pesados, conforme relata em seu livro Fatos Espíritas.
No entanto, nas atuais pesquisas da parapsicologia, esses fenômenos considerados como de ação direta da mente sobre a matéria foram e continuam sendo produzidos. Até mesmo corpos humanos podem ser transportados de um local para outro, sem que se perceba por onde passaram.
Mas por que esses fenômenos acontecem e com que objetivo?
Os espíritos perturbadores usam desse fenômeno para assustar ou amedrontar suas vítimas. Os benévolos usam para chamar a atenção da Ciência para as coisas espirituais. O prof. Friedrich Zollner, em seu livro Física Transcendental, relata suas experiências com esses fenômenos na Universidade de Leipzig, Alemanha. Pesquisadores da Universidade de Kirov, na Rússia, constataram e explicaram a mecânica desses fenômenos como produzidos por emissões de correntes energéticas do corpo bio-plásmico (perispírito) do médium. Desta forma, está perfeitamente confirmada a existência do fenômeno do apport, apesar das críticas.
Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, chama o apport de "fenômeno de transporte". Explica os espíritos à ele que neste tipo de fenômeno ocorre o aparecimento de objetos, cuja intenção do Espírito é benévola, basta ver a natureza dos objetos que são quase sempre graciosos e a maneira suave e delicada que são transportados. Ex.: Uma flor.

INTRODUÇÃO DE OBJETOS NO CORPO FÍSICO

Quanto ao fenômeno de endopport, este é um pouco mais complexo, pois se refere à introdução de objetos nos corpos humanos. Esse fenômeno ainda não teve uma explicação científica suficientemente comprovada por experiências de laboratório. Encarado com desconfiança no próprio meio espírita, só ultimamente, pela multiplicação de suas ocorrências, é que vem despertando a atenção dos estudiosos e pesquisadores espíritas. Concorre muito para esse desinteresse o fato de endopport ser considerado, na medicina psiquiátrica, como um simples ato de autoflagelação.
O endopport está intimamente ligado aos casos de vampirismo (obsessão) e os observadores espíritas o consideram como um fenômeno bifronte, ou seja, que pode ser de autoflagelação em alguns casos e de efeitos físicos em outros. E mesmo nos casos de possível autoflagelação, é admissível a interferência do obsessor em suas manifestações.
Há casos que foram tratados durante 10, 15 e até mais anos sem que se tenha obtido qualquer solução. As vítimas são consideradas autoflagelantes e o caso interessa pouco aos clínicos, que se cansam de tratá-las sem resultado. No entanto, pesquisadores espíritas descobriram que se trata de um vampirismo altamente agressivo e desenvolveram, assim, uma técnica mediúnica de doutrinação complementada por passes e estímulo às vítimas, para reagirem com compreensão contra as agressões e os agressores.
A evangelização é parte fundamental da terapêutica, pois todos os indícios são de que a agressão decorre de conseqüências do passado, de vidas anteriores, quando as pessoas hoje atingidas praticaram atrocidades contra os espíritos que desejam se vingar no presente. As vítimas de violências e assassinatos não morrem, pois sobrevivem à destruição do corpo carnal e geralmente guardam seus ressentimentos, procurando se vingar assim que possível.
As dificuldades de solução do problema decorrem de casos de consciência. Os carrascos do passado desejam se submeter ao flagelo para aliviarem suas consciências. Reencarnam, pois, com essa intenção e por isso se resignam a passar pelos sofrimentos do resgate de suas faltas. Mostram-se, em geral, conformados e sofrem pacientemente o revide que vem de longe, de outras vidas. Os problemas de consciência são muito mais agudos no mundo espiritual e, para se livrarem deles, estão dispostos a todos os sacrifícios na atual encarnação. Essa tendência masoquista semeada na Terra por milênios de interpretações religiosas convencionais domina a maioria das criaturas do plano espiritual ligado ao nosso mundo. Até agora, as religiões nos ensinam o "pecado" que leva ao inferno. Que temos que sofrer para pagar pesadas dívidas morais. O Espiritismo reúne em seus princípios a ciência, a filosofia e a religião, dando-nos uma nova visão da realidade. Não somos condenados, somos criaturas livres e temos de nos aprimorar para assumir toda a liberdade de seres conscientes de seu destino superior. Se estamos em processos dolorosos provenientes de erros cometidos em vidas anteriores, dispomos também da vida presente e das vidas futuras para corrigirmos nossos erros. Deus não quer nosso sofrimento, mas nossa libertação. Foi isso o que Jesus quis passar quando disse: "Conheceis a verdade e ela vos libertará".
Portanto, a utilização dos fenômenos de endopport no vampirismo não é decretado por Deus, mas é proveniente de nossa arrogância, que nos levou a uma situação humilhante. Entretanto, se soubermos utilizar essa situação para desenvolvermos a humildade, veremos que as entidades vampirescas começarão a aprender, com nosso exemplo corajoso, a vencer as dificuldades a que também estão expostos. Nossa cura não pode ser obtida pela negação de nossas potencialidades divinas, mas pelo desenvolvimento delas em nós. Temos que analisar nossa condição atual e pesar os prós e os contras de nosso comportamento, procurando modificá-lo aos nossos verdadeiros interesses.
O vampirismo é uma forma de escravização. Escravizamo-nos aos outros por preguiça ou por indolência e os outros se escravizam a nós pelos mesmos motivos. Se resolvermos ser livres, vamos descobrir que podemos fazer e desfazer as coisas por nós mesmos, não precisaremos sugar dos outros o que temos em nós. Os vampiros sugam o mundo porque este é feito por nós, à nossa imagem e semelhança. Se mudarmos nossa maneira de encarar o mundo, ele também se modificará.

RELAÇÃO COM AS CURAS

Os casos de autoflagelação decorrentes de distúrbios psíquicos da vítima implicariam a ação consciente ou inconsciente desta, introduzindo ela mesma os objetos em seu corpo. Favorece essa interpretação o fato de objetos como agulhas, pequenos fios de arame, pequenos estiletes de madeira ou de metal serem geralmente de fácil introdução no corpo, sempre com uma disposição que favorece a operação pela própria vítima ou quase sempre em partes do corpo que não oferecem possibilidades de prejuízos como mutilações, deformações ou morte do paciente. Todavia, os cuidados também podem ser tomados pelos vampiros flageladores, que não pretendem matar a vítima, mas simplesmente torturá-la.
Para que se tenha um pouco mais de luz sobre o assunto, o prof. Herculano Pires nos diz que a cirurgia de Arigó, bem como a da médium Bernarda Torrúbio, processava-se de maneira simples, por meio de incorporação mediúnica e imposição das mãos sem toque no paciente. Este sentia engulhos, dores leves e, era o médium quem vomitava os resíduos da operação. Nesse processo, é evidente que havia transposição dos resíduos do organismo do paciente operado para o estômago do médium, que os expelia. A realidade desse fato nos leva a crer que ocorre em cada operação a evidência de uma dupla ação de endopport, tanto no paciente como no médium, confirmando a possibilidade da introdução de objetos no corpo físico por entidades vampirescas. Para quem tiver interesse maior sobre o assunto, pode-se consultar o livro: "Arigó: Vida, Mediunidade e Martírio", do prof. Herculano Pires.

CASOS  DE  ENDOPPORT

 O prof. Herculano Pires conta um caso assustador de endopport ocorrido no centro espírita em que ele trabalhava, em São Paulo. Uma jovem funcionária de certa empresa sofria desse fenômeno há 14 anos. Em seu corpo apareciam pregos, arames e outros objetos, particularmente nas mãos. Esses objetos eram expelidos, mas não raro, ficavam encravados e necessitavam de socorro cirúrgico. Essa jovem guiava seu carro e, às vezes, expelia pedaços de arame e pregos pela boca, acompanhado de sangue. Tinha as mãos deformadas por intervenções cirúrgicas de extração forçada destes objetos em posição difícil. Só resolveu procurar o Espiritismo depois de tentar solucionar o problema de todas as formas e não conseguir.

Um outro caso ocorreu em Bauru (SP), com uma menina de 15 e 16 anos de idade. Ela era vítima da introdução de botões comuns de vestuário nas regiões subcutâneas, nos braços, nas pernas e no corpo. Os botões eram introduzidos a qualquer momento, sem deixar cicatrizes na pele. O pai da menina era obrigado a levá-la para uma farmácia local ou consultórios médicos, onde era feita a incisão para extrair cada botão.

Outra menina, também de S.P., sentia as mesmas coisas do caso anterior, mas com dois agravantes:

1º - Tais objetos saíam também na sola dos pés, que a impedia de andar, era necessária uma operação demorada. 2º - Ocorria manifestações ígneas (capacidade para produzir fogo espontaneamente). Nas casas onde ela trabalhava como doméstica, acendiam-se labaredas inesperadamente em lugares perigosos, queimando roupas e objetos. Sempre acusada pelo fogo, perdia o emprego. Desesperada, suicidou-se. Os espíritos a acusavam de haver praticado magia negra no passado.  

BUSCANDO SOLUÇÕES

O fenômeno de endopport tem conseqüências físicas materiais, mas sua natureza é moral e, portanto, uma questão de consciência. Nele estão envolvidos dois psiquismos em luta, duas consciências que precisam ser esclarecidas, sendo completamente inútil tentarmos resolver a questão por meios físicos.
Na verdade, temos realmente que recorrer aos processos espirituais da prece, do passe e da doutrinação. Essas são as únicas formas capazes de agir sobre entidades obsessoras e sobre os espíritos em geral, como Kardec ensinou, pois provém da autoridade moral de criaturas esclarecidas. Só a autoridade moral de um espírito encarnado pode influir sobre o comportamento dos espíritos desencarnados. Assim sendo, os princípios doutrinários do Espiritismo nos obrigam (os espíritas) a atender e socorrer o vampiro e sua vítima, dissuadindo o primeiro de suas intenções vingativas e o segundo de sua atitude passiva e conformista.
Portanto, as curas para casos de vampirismo existem, mas, como diz André Luiz, "a graça do céu não desce a esmo, tem que ser merecida". E merecimento é medido pelo esforço e dedicação desenvolvidos por aqueles que ainda se encontram presos no ódio e na vingança aos inimigos do passado. Com sua maravilhosa sabedoria e discernimento, Emmanuel explica que "no campo do espírito, as penas podem ser diminuídas e até extintas, desde que o aprendiz do evangelho esteja disputando o favor de servir ao próximo".
 
 
 
Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 58.
 
 
 
 
 
 
 

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