- Meu Deus ! Quando volto do trabalho socorrista, às vezes me pego pensando : Por que isto? Por que tantos desatinos em nome do egoísmo? Pode o homem encarnado esquecer-se tanto do Criador ou, banalizando-o, vendê-lo, satirizá-lo assim? Alguns dias sempre são mais difíceis que outros, mesmo aqui na espiritualidade. Sou de natureza crítica e não consigo, ainda, reter meus impulsos de severidade. Trago resquícios da batina, me pego pregando em vez de aconselhar, ditando regras em vez de conduzir e acolher. Envergonho-me pelas minhas falhas e, quando ultrapasso os limites do bom senso, refugio-me na colônia em lugar aprazível para pensar. Num destes dias estava mergulhado em profunda reflexão quando alguém chegou calmamente, sentou-se ao meu lado, tocou-me o ombro e disse:
- Não seria mais fácil dividir a reflexão do que pensar só?
Era Anita, companheira querida de trabalho, alma generosa que a cada dia se ilumina mais pela abnegação. Chorei feito criança necessitada de aconchego em ombro amigo, fiquei por alguns instantes reconfortado e, após longo silêncio, considerei:
- Anita, minha irmã, me sinto incapaz de servir a Jesus, pois sou ainda pequeno e presunçoso, trago, ainda, as insígnias do clero e acho que erro mais que acerto. Como posso querer mudanças radicais do semelhante, se não aprendi a ser humilde? Como posso dizer que amo se ainda condeno os erros humanos? Ah ! Jesus deve me condenar por isso.
- Vítor, não diga bobagens. Você é Espírito em busca da luz, suas imperfeições e as minhas são comuns. O que esperava? Que se libertando do corpo se libertaria das suas mazelas? Que vivendo numa colônia espiritual estaríamos no paraíso? Somos ainda falíveis, mas precisamos lutar para crescer. Você precisa questionar menos e servir mais. Estudar com afinco, orientar-se com Abel e os nossos mentores em vez de refugiar-se em suas reflexões. Meu amigo é difícil para mim também. Quando vejo meus familiares sofrendo ou cometendo desatinos, chego a dizer a eles: O que é isso? Esqueceu-se do compromisso? Onde está os princípios espíritas, o exemplo de seu pai? E eles não me ouvem as súplicas e sofro e me culpo. Custou-me descobrir que não é a doutrina que nos modifica, mas a educação de nossos instintos inferiores, a revisão dos nossos valores. Do mesmo modo como você se apega a alguns ranços da Igreja, eu o fazia com o Espiritismo. É falta de informação, Vítor, pois ninguém muda por fora se não o fizer por dentro, compreende?
Como bálsamo de luz, aquelas palavras me acalmaram e me conduziram a nova visão. Abracei a irmã como um filho a uma mãe e acho até que naquele momento era o que precisava.
- Não seria mais fácil dividir a reflexão do que pensar só?
Era Anita, companheira querida de trabalho, alma generosa que a cada dia se ilumina mais pela abnegação. Chorei feito criança necessitada de aconchego em ombro amigo, fiquei por alguns instantes reconfortado e, após longo silêncio, considerei:
- Anita, minha irmã, me sinto incapaz de servir a Jesus, pois sou ainda pequeno e presunçoso, trago, ainda, as insígnias do clero e acho que erro mais que acerto. Como posso querer mudanças radicais do semelhante, se não aprendi a ser humilde? Como posso dizer que amo se ainda condeno os erros humanos? Ah ! Jesus deve me condenar por isso.
- Vítor, não diga bobagens. Você é Espírito em busca da luz, suas imperfeições e as minhas são comuns. O que esperava? Que se libertando do corpo se libertaria das suas mazelas? Que vivendo numa colônia espiritual estaríamos no paraíso? Somos ainda falíveis, mas precisamos lutar para crescer. Você precisa questionar menos e servir mais. Estudar com afinco, orientar-se com Abel e os nossos mentores em vez de refugiar-se em suas reflexões. Meu amigo é difícil para mim também. Quando vejo meus familiares sofrendo ou cometendo desatinos, chego a dizer a eles: O que é isso? Esqueceu-se do compromisso? Onde está os princípios espíritas, o exemplo de seu pai? E eles não me ouvem as súplicas e sofro e me culpo. Custou-me descobrir que não é a doutrina que nos modifica, mas a educação de nossos instintos inferiores, a revisão dos nossos valores. Do mesmo modo como você se apega a alguns ranços da Igreja, eu o fazia com o Espiritismo. É falta de informação, Vítor, pois ninguém muda por fora se não o fizer por dentro, compreende?
Como bálsamo de luz, aquelas palavras me acalmaram e me conduziram a nova visão. Abracei a irmã como um filho a uma mãe e acho até que naquele momento era o que precisava.
(Trecho do livro : Memórias de Padre Vítor)
“E ainda me chamam santo? Que hipocrisia! Que engano! Sou mais devedor que muitos que estão na carne. Como posso ser santificado se ainda se refletem em mim os erros do desengano e me ressinto de alguns problemas ainda não resolvidos. Não! A santificação é algo muito distante de mim.” (Padre Vítor)
O QUE É SANTO NA VISÃO ESPÍRITA? "É um atributo dirigido a determinadas pessoas que aparentemente atenderam, na Terra, à execução do próprio dever" - André Luiz
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