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O fenômeno de
tangibilidade (Tangível: que se pode
tanger tocar instrumentos, soar, fazer sons). É um fenômeno sensível de golpes
nas paredes e móveis, movimentos e levitação de matéria inerte mais pesada. É
um fenômeno de natureza mais simples, realizando-se pela concentração e a
dilatação de certos fluidos, e podem ser provocados e obtidos pela vontade e o
trabalho de médiuns aptos, quando secundados por Espíritos amigos e
benevolentes. As manifestações físicas tem por fim chamar a nossa atenção para
alguma coisa e convencer-nos da presença de um poder superior ao homem. Os
Espíritos elevados não se ocupam dessas manifestações, eles se servem dos
inferiores para produzi-las, com a finalidade acima indicado. Atingida essa
finalidade, cessa a manifestação, que não é necessária. Certa vez, quando Allan
Kardec iniciava seus estudos de Espiritismo, ouviu golpes que soaram ao seu
redor durante 4 horas seguidas. Kardec utilizou a mediunidade escrevente de um
médium, e constatou que se tratava de um Espírito familiar, de ordem elevada, e
que queria falar-lhe. Apontou erros nos estudos e, desde então, os golpes
cessaram. As manifestações espontâneas nem sempre se limitam a ruídos e
batidas. Degeneram às vezes em verdadeiras barulheiras e em perturbações.
Móveis e objetos são revirados, projéteis diversos são atirados de fora
(pedras), porta e janelas são abertas e fechadas por mãos invisíveis, vidraças
se quebram e tudo isso não pode ser levado à conta de ilusão. Toda essa
desordem é muitas vezes real, mas algumas vezes é apenas aparente. Ouve-se
gritaria num cômodo ao lado, barulho de louça que cai e se despedaça, etc.,
corre-se para ver e encontra-se tudo tranqüilo em ordem. Mas a gente se retira
porém, e o tumulto recomeça. Essas manifestações freqüentemente assumem o
caráter de verdadeira perseguição. Ex.: 6 irmãs que moravam juntas e que,
durante anos, encontravam de manhã suas roupas esparramadas, às vezes
escondidas no teto, rasgadas e cortadas em pedaços . . .; tem acontecido muitas
vezes que pessoas viram sacudir as cortinas, arrancar-lhes violentamente as
cobertas e os travesseiros, foram erguidos no ar e às vezes até mesmo tirados
fora do leito. Alguns casos são obra da malícia ou da malvadez, mas quando se
averiguou suficientemente que não são produzidos por ninguém, para nós é obra
dos Espíritos. Mas que Espíritos? Os Espíritos superiores, como os homens
sérios entre nós, não gostam de fazer travessuras. Muitas vezes interpelamos
esses Espíritos sobre o motivo de perturbarem o sossego alheio. A maioria quer
apenas divertir-se. São Espíritos antes levianos do que maus. Riem dos sustos
que pregam e do trabalho que dão para descobrir a causa do tumulto. Muitas
vezes apegam-se a uma pessoa e se divertem a incomodá-la por toda parte. De
outras vezes se apegam a um lugar por simples capricho. Algumas vezes também se
trata de uma vingança. Em certos casos sua intenção é louvável: querem chamar a
atenção e estabelecer comunicação.
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O fenômeno de
transporte trata-se geralmente do aparecimento de flores, frutos, de
confeitos, doces, de jóias, etc. que não existem no lugar da reunião. Este
objeto pode ser TRAZIDO (apport) de
outro local para a reunião ou ser COMPOSTO
pelo Espírito. É um fenômeno mais complexo, de natureza múltipla, exigindo a
existência de condições especiais. Esses fenômenos só podem ser realizados por
um só Espírito e um único médium e necessitam, além dos recursos para a
produção da tangibilidade, uma combinação muito especial para isolar e tornar
invisíveis o objeto ou os objetos a serem transportados. Os Espíritos se
prestam muito pouco a produzi-los, porque isso exige de sua parte um trabalho
quase material, que lhe causa aborrecimento e fadiga. Além disso, o estado do
próprio médium lhes opõe uma barreira intransponível.
OBS: Os Espíritos podem transportar objetos materiais de um
lugar para outro. Pode torná-los invisíveis, mas não penetráveis (em
lugares fechados). Podem
carregá-los quando quiser
e só o
largar no momento conveniente para faze-lo aparecer.
Mas, nos objetos que o Espírito
“compõe”, não há matéria, há apenas elementos da matéria, e esses elementos
são essencialmente penetráveis como os raios solares atravessam as vidraças,
podendo assim, os Espíritos introduzi-los num lugar, por mais fechado que ele
esteja.
Os objetos tem aparência, pode
tornar-se tangível (palpável), poderia ter o odor, ou seja, o Espírito pode dar
não somente a forma do objeto, mas também as suas propriedades especiais (som,
odor, etc.).
Os objetos que os Espíritos
“compõe” e tornam tangíveis não poderiam ser usados, porque na realidade não
possuem a mesma densidade material dos nossos corpos sólidos (da matéria). E a
existência dos objetos formados são passageiras.
Pode-se, também, fazer uma fruta
ou uma iguaria qualquer, podendo alguém come-la e sentir-se saciado, ou seja,
produz a sensação da saciedade, mas não a saciedade propriamente dita, ou seja,
ela dá a sensação que matou a fome, mas não matou. Assim ocorre com substâncias
que curam doenças. O Espírito encarnado (na maioria da vezes assistido por um
Espírito desencarnado) pode agir sobre a matéria elementar (Fluido Cósmico
Universal) e portanto modificar as propriedades das coisas dentro de certos
limites. Ele pode produzir uma modificação nas propriedades da água, e nos fluidos orgânicos, que resulta o efeito
curativo da ação magnética convenientemente dirigida. Mas estes casos são
raros, excepcionais, e não dependem jamais da vontade de alguém, mas sim da
permissão de Deus, caso contrário, todos se alimentariam e curariam de maneira
vantajosa.
Exemplos: “. . .
Scheila ofereceu rosas a várias pessoas. Também tive a ventura de receber uma
rosa orvalhada, com o talo quebrado (não era cortado). A minha rosa, ainda
desabrochando, era linda.”
“O Espírito Valter, antigo
companheiro espiritual do médium, estava presente e preparou-o para o fenômeno.
Divaldo estendeu as mãos e as mais belas angélicas - flores do campo - foram
caindo sobre elas esparzindo beleza, perfume e bons fluidos no ambiente. As
angélicas estavam frescas pois haviam sido colhidas naquele instante. Algumas
pessoas que estavam nesta reunião abençoada puderam levar para a casa uma
angélica como símbolo da alegria, da paz e da união entre o plano físico e o
espiritual.”
“Quando o Espírito Scheilla se
materializou em uma daquelas sessões espíritas, em que me encontrava presente
com outros confrades, na residência de André Luiz, irmão de Chico Xavier,
perguntou-me o que gostaria que ela trouxesse. Eu tinha ouvido falar nos
edelweiss – Violetas dos Alpes. Tenho uma amiga suíça, e ela me falava da
beleza dos edelweiss, exatamente aqueles das cordilheiras suíças dos Alpes e
recordando que Scheilla fora alemã em sua última existência terrena, eu lhe
perguntei:
-
Você conhece
edelweiss?
Ela respondeu-me que sim.
No mesmo instante cairam sobre
mim vários edelweiss frescos e belos. Tirei um lenço e cobri as flores com ele.
Scheilla fez então cair uma substância perfumada que ficou marcada no lenço e
até hoje eu os tenho guardados comigo.”
“Mas o Sr. Aristides apresentou
certo dia problemas com a sua saúde . . . Uma forte dor no peito o impedia de
se mover. Divaldo, que vinha saindo da Casa Grande, viu que o Espírito Scheilla
colocava em suas mãos uma substância de cor verde. Havia materializado o
remédio em forma de gelatina em benefício do enfermo. O nosso médium passou o
ungüento no peito do doente e a dor foi passando lentamente. Bem melhor e já
sem dores, o casal partiu para o Rio de Janeiro, continuando lá o tratamento
médico.”
“O Sr. W. Asano, presidente da
Sociedade Japonesa de Ciência Psíquica, fez, no Congresso Internacional
Espírita, uma comunicação bem interessente sobre um velho analfabeto de mais de
sessenta anos, que mora no Condado de Ysé. Aos nove anos fizeram-no discípulo
dum Tengu (um Espírito, ser misterioso do plano astral). De vez em quando esse
Tengu o visita e o leva em viagem a diferentes lugares. Ele diz que em
companhia desse ser super-humano pode percorrer várias centenas de milhas sem
se cansar e em pouquíssimo tempo. E acrescenta que esse estranho ser muitas
vezes lhe dá vários objetos, livros, pergaminhos, ou então ofertas para o
santuário, como bolos de arroz, peixes secos, frutas, doces, etc.”
“William Crookes assinala ter
cortado uma mecha de cabelos do Espírito de Katie, que conservou por longo
tempo.”
Obs: Crookes, por volta de 1869,
estudou o fenômeno por mais de 30 anos. Através de uma médium chamada Florence
Cook, se manifestava o Espírito denominado Katie King. Ela apresentava diversos
fenômenos, como levitação, escrita, materialização.
“Russel Wallace, que fez
experiências transcendentais, também afirma ter verificado produções de ervas e
flores que não existiam na Europa.”
“Os meninos Pansini, de Bari,
que foram transportados à distância de 45 quilômetros, em 15 minutos, por
várias vezes tiveram, no quarto em que se achavam presos, grande quantidade de
doces, confeitos e bombons de todas as qualidades e trazidos, todos esses
doces, por mãos invisíveis, sem que se pudesse como nem donde.”
Obs: Cap. V, item 99, pergunta
14, diz Erasto: “O Espírito pode transportar cem ou duzentos quilos de objetos,
porque a gravidade que existe para vós não existe para ele. Mas neste caso
também ele não percebe o que se passa. A massa de fluidos combinados é
proporcional à massa de objetos, ou seja, a força deve estar na proporção da
resistência. Assim, se o Espírito só transporta uma flor ou um objeto leve, é
freqüentemente por não encontrar no médium ou nele mesmo os elementos necessários
para um maior esforço.”
“Inúmeros são os casos de
produções, por Espíritos de materiais comestíveis. Só os desconhece aquele que
não estuda e não acompanha o Movimento Espírita, que se manifesta no mundo
inteiro.” (Cairbar Schutel)
Perguntas feita por Allan Kardec aos Espíritos:
Kardec: Queres dizer-nos por que os transportes que produzes só se realizam durante o sono magnético do médium?
Espírito: Por causa da natureza do médium. Os fatos que produzo quando ele dorme, poderia igualmente produzir no estado de vigília do outro médium.
Obs: O sonâmbulo apresenta um desprendimento natural, uma espécie de isolamento do Espírito e seu perispírito em relação ao corpo, que deve facilitar a combinação dos fluidos necessários.
Kardec: Por que demoras tanto a trazer os objetos, e por que excitas a cobiça do médium, excitando-lhe o desejo de obter o objeto prometido?
Espírito: Necessito de tempo para preparar os fluidos que servem ao transporte. Quanto à excitação, muitas vezes tem apenas o fim de divertir os presentes e a sonâmbula.
Obs: o Espírito que respondeu sabe apenas isso. Não tem consciência do motivo dessa excitação da cobiça, que provoca instintivamente e sem compreender-lhe o efeito. Ele pensa divertir, quando na verdade estimula, sem o saber, maior emissão de fluido. É uma decorrência das dificuldades que o fenômeno apresenta, dificuldades maiores quando ele não é espontâneo, e particularmente com outros médiuns.
Kardec: A produção do fenômeno depende da natureza especial do médium, e seria impossível obte-lo com mais facilidade e presteza por outro médium?
Espírito: A produção do fenômeno depende da natureza do médium, e só se pode produzi-lo por meio de médiuns dessa natureza. Para a presteza, vale-nos muito o hábito adquirido no trato freqüente do mesmo médium.
Kardec: A influência das pessoas presentes pode embaraçá-lo de alguma maneira?
Espírito: Quando há incredulidade, oposição, da parte delas, podem criar-nos sérias dificuldades. Preferimos realizar nossas experiências com pessoas crentes e versadas no Espiritismo. Mas não quero dizer, com isso, que a má vontade nos pudesse paralisar por completo.
Kardec: Onde pegaste as flores e os bombons que trouxestes?
Espírito: Tomo-os onde quero. O confeiteiro não percebeu nada, porque pus outros no lugar.
Kardec: Mas os anéis tem preço; onde os tomaste? Não ficou prejudicado aquele de quem os tiraste?
Espírito: Tirei-os de lugares que ninguém conhece, e o fiz de maneira que não prejudicará a ninguém.
Obs: Creio que o fato foi explicado de maneira incompleta, por falta de conhecimento do Espírito que respondeu. Sim, pode ter havido no caso um prejuízo real, mas o Espírito não quis passar por haver desviado alguma coisa. Um objeto só pode ser substituído por outro idêntico, da mesma forma e do mesmo valor. Assim, se um Espírito tivesse a possibilidade de substituir um objeto tirado, não haveria razão para a tirar, pois poderia dar o que serve de substituto.
Kardec: É possível transportar flores de outro planeta?
Espírito: Não, para mim isso não é possível.
Kardec: Outros Espíritos teriam esse poder?
Erasto: Não, isso não é possível em razão das diferenças de meio ambiente.
Kardec: Podereis transportar flores de outro hemisfério; dos trópicos por exemplo?
Espírito: Desde que seja da Terra, posso.
Kardec: Os objetos que trouxeste podereis faze-los desaparecer e devolvê-los?
Espírito: Tão bem como os trouxe; posso devolvê-los, se quiser.
Kardec: A produção do fenômeno de transporte não te exige um sacrifício, não te causa dificuldades?
Espírito: Não nos causa nenhuma dificuldade quando temos a devida permissão. Poderia causar-nos muitas se quiséssemos produzi-los sem estar autorizados.
Obs: Ele não quer dizer que é penosa embora o seja, pois é forçado a realizar uma operação por assim dizer material.
Kardec: Quais as dificuldades que encontras?
Espíritos: Nenhuma além das más disposições fluídicas, que podem ser contrárias.
Kardec: Como trazes o objeto? Carregando-o com as mãos?
Espírito: Não, envolvo-o em mim mesmo.
Obs: Ele não explica claramente a sua operação, pois na verdade não envolve o objeto na sua pessoa. Como o seu fluido pessoal pode dilatar-se, é penetrável e expansível, ele combina uma porção desse fluido com uma porção do fluido animalizado do médium, e é nessa mistura que oculta e transporta o objeto. Não é certo dizer, portanto, que o envolve nele mesmo.
Kardec: Transportarias com mesma facilidade um objeto mais pesado: de cinqüenta quilos, por exemplo?
Espírito: O peso nada é para nós. Trago flores porque elas podem ser mais agradáveis que um objeto volumoso.
Obs: é certo. Ele pode transportar cem ou duzentos quilos de objetos, porque a gravidade que existe para vós não existe para ele. Mas neste caso também ele não percebe o que se passa. A massa de fluidos combinados é proporcional à massa de objetos. Numa palavra, a força deve estar na proporção da resistência. Assim, se o Espírito aó transporta uma flor ou um objeto leve, é freqüentemente por não encontrar no médium ou nele mesmo os elementos necessários para um maior esforço.
Kardec: Alguns casos de desaparecimento de objetos, por motivo ignorado, serão devidos aos Espíritos?
Espírito: Isso acontece com freqüência, muito mais freqüentemente do que pensais, e poderia ser remediado pedindo-se ao Espírito a devolução do objeto.
Obs: É verdade, mas às vezes o que foi levado, levado está. Porque esses objetos que somem da casa são quase sempre levados para muito longe. Mas, como a subtração de objetos exige quase as mesmas condições fluídicas dos transportes, só pode se dar com a ajuda de médiuns dotados de faculdades especiais. Por isso, quando alguma coisa desaparecer, é provável que se deva ao vosso descuido que a ação dos Espíritos.
Kardec: há efeito da ação de certos Espíritos que consideramos como fenômenos naturais?
Espírito: Vossos dias estão cheios desses fatos que não compreendeis, porque não pensastes neles, e que um pouco de reflexão vos faria ver com clareza.
Obs: Não se deve atribuir aos Espíritos o que é obra humana. Mas acreditai na sua influência oculta e constante, produzindo ao vosso redor mil circunstâncias, milhares de incidentes necessários à realização dos vossos atos e da vossa existência. Os espíritos estão por toda a parte, são uma das forças da Natureza em constante ação no Universo. Agem também ao nosso redor e dariam condições para o cumprimento dos nossos destinos. Não se trata de nada sobrenatural ou misterioso, mas de um aspecto da Natureza que o Espiritismo vem esclarecer.
Kardec: Como introduziste outro dia esses objetos na sala que estava fechada?
Espírito: levei-os comigo, envolvidos por assim dizer, na minha substância. Não posso dizer mais, porque isso não é explicável.
Kardec: Como fizeste para tornar visível esses objetos, que estavam invisíveis?
Espírito: Tirei a matéria que os envolvia.
Obs: Não é a matéria propriamente dita que os envolve, mas um fluido tirado em parte do perispírito do médium e em parte (metade de cada um) do Espírito operador.
Kardec: Um objeto pode ser transportado para um lugar completamente fechado; numa palavra, o Espírito pode espiritualizar um objeto material de maneira que ele possa penetrar a matéria?
Erasto: Esta questão é complexa. O Espírito pode tornar invisível os objetos transportados, mas não penetráveis. Não pode desfazer a agregação da matéria, o que seria a destruição do objeto. Tornando-o invisível, pode carregá-lo quando quiser e só o largar no momento conveniente para faze-lo aparecer. Bem diverso o que se passa com os objetos que compomos. Nestes introduzimos apenas os elementos da matéria, e como esses elementos são essencialmente penetráveis como atravessamos os corpos mais densos com a mesma facilidade dos raios solares atravessando as vidraças, podemos perfeitamente dizer que introduzimos o objeto num lugar, por mais fechado que ele esteja. Mas isto somente nesse caso.
Cairbar Schutel, do livro: O Espírito do Cristianismo
Maria Anita Rosas Batista, do livro: Para Sempre em Nosso Coração
Allan Kardec, do livro: O Livro dos Médiuns
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