quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

JOÃO DE DEUS NÃO É MÉDIUM ESPÍRITA



Mediunidade não é propriedade dos espíritas. Dentro de todas as religiões e fora delas há médiuns, porque todos somos médiuns de alguma forma. Só que alguns são médiuns ostensivos, ou seja, são aqueles que ouvem, vêem desencarnados, psicografam, curam, enfim, são vários os tipos de mediunidade. Portanto, há médiuns espíritas e médiuns que não são espíritas. Uns chamam de profetas, outros de cavalo, etc. Uns falam em línguas, outros dizem receber o espírito santo e outros. Na Bíblia há muitos relatos de pessoas que tiveram mediunidade de ver espíritos, de falar com eles e de até curar. Na transfiguração, por exemplo, Jesus evocou dois mortos: Elias e Moisés. Os apóstolos Pedro, Tiago e João viram e ouviram estes espíritos. No antigo testamento (época que nem existia o Espiritismo), o rei Saul buscou uma necromante (médium) para conversar com Samuel que já estava “morto”. Essa passagem está em I Samuel, cap. 28: vv 8 á 15. Mas, por que Moisés proibiu "evocar mortos"? Porque tal prática era possível, e além de ser possível dela se abusava. No livro Números, antigo testamento, Moisés recebeu queixas de Josué que dizia haver dois homens profetizando (usando a mediunidade) nos arredores de Israel. Era Eldade e Medade. Moisés quis saber o que ambos faziam e ele foi informado que estavam curando, orientando, ajudando, etc.. Então, Moisés disse:
- Quem dera todo o povo do Senhor fosse profeta (médium) e que o Senhor pusesse o Seu Espírito sobre ele.
Então, o problema com Moisés não era com o profetismo (mediunidade) e sim com o mau profetismo. A exploração do profetismo. Por isso, quem é espírita trabalha com a mediunidade de forma séria, sem cobrar nada de ninguém. O único método de cura que utilizamos é através do passe (imposição de mãos), sem cortes e macas e, não a utilizamos para consultar espíritos. Enfim, podemos concluir que todo espírita é espiritualista (porque crê em algo além da matéria), mas nem todo espiritualista é espírita (porque não segue os ensinamentos trazidos pelos espíritos através de Allan Kardec). Portanto, João de Deus não é médium espírita. Então, antes de julgarmos (embora "julgar" não seja um ato cristão) uma religião, busquemos conhecer a verdade. As pessoas não devem se esquecer da história impar do Espiritismo por causa da falha moral de uma pessoa que nem é espírita. Esquecem o exemplo de Chico Xavier, Bezerra de Menezes, Divaldo Franco e outros para denegrir a doutrina espírita. O mesmo respeito que queremos que tenham com a nossa religião, tenhamos com a religião dos outros. Pensemos nisso!


Rudymara



sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

SÍNDROME DE PILATOS


Jesus vos deu o exemplo da caridade e Pôncio Pilatos o do egoísmo, pois, quando o Justo vai percorrer as santas estações do seu martírio, Pilatos lava as mãos dizendo: 
- Que me importa! 
Ainda hoje encontramos muitos Pilatos da era moderna. São aqueles que buscam seus interesses pessoais sem medir as consequências de tais atitudes. Querem enriquecer, se manter no poder ou obter alguma vantagem, mesmo que tenha que prejudicar outras pessoas. Vivem como se nunca fossem prestar contas de seus atos. Sem observar que Jesus trouxe uma regra de ouro que, caso seguíssemos, muitos males seriam evitados que é: "devemos fazer ao próximo o que queremos que ele nos faça." E, por não seguir tal regra, infelizmente, muitos ainda pensam e agem como Pilatos:
- Que me importa a morte de pessoas numa fila de hospital, sem remédio, sem tratamento, soterrado pela lama, acidentado nas estradas esburacadas e outros, desde que eu esteja rico(a), desde que eu tenha levado vantagem.
Mas Jesus alerta: "Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?"
Pensemos nisso!




Rudymara


CRIANÇAS MIMADAS


"Pais que mimam filhos estão criando geração de incapazes de lidar com frustração." 
Muitos pais querem poupar os filhos de ouvir "não pode", de ter que seguir regras, de ter disciplina, respeito. Daí, qd se deparam com o mundo fora do lar, se assustam, porque nem todos terão o mesmo comportamento dos pais, aí eles se revoltarão, se sentirão frustrados e buscarão uma fuga para isso. Muitos entram em depressão, começam a usar drogas lícitas e ilícitas, se tornarão violentos com quem não faz sua vontade, se matam. Quem ama ensina, corrige, diz sim e não no momento certo, prepara os filhos para o mundo, que não passará a mão na cabeça. Filhos são espíritos velhos em corpos novos, eles chegam até nós pela vontade de Deus que conta com os pais ou responsáveis com a sua educação para que sejam cidadãos de bem, fortes emocionalmente e úteis para a sociedade, ou seja, para que façamos com que eles retornem à pátria espiritual melhores do que chegaram. Pensemos nisso!

Rudymara


quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

RICO E POBRE



Riqueza e pobreza são testes que nos ensinam, de encarnação a encarnação, a lidar com uma e com outra situação fazendo com que nos coloquemos no lugar do outro. 
Observemos estes exemplos:
Exemplo 1: No livro Memórias de um suicida, o espírito Jerônimo, que se matou com um tiro no ouvido porque sua empresa faliu, deixando esposa e filhos em situação difícil, reencarnou em família rica, com o propósito de não formar família, montar uma instituição para crianças órfãs, e ir à ruína financeira novamente, para ter que lutar com coragem, ou seja, seria um teste para ver se ele não cometeria suicídio novamente. 
Exemplo 2: J. Raul Teixeira conta em uma de suas palestras que um dia quando estava indo almoçar viu uma mulher revirando lixo e separando alimento. Ele ficou com pena e seu mentor apareceu e contou que na vida passada ela foi um famoso político brasileiro, ainda hoje muito conceituado, e que por ter prejudicado tanto o povo, tinha reencarnado numa condição miserável, devido ao mecanismo do complexo de culpa que fez, após a morte do corpo de carne, no mundo espiritual (onde não conseguimos esconder nada, nem de nós, nem dos outros), voltando numa condição miserável para aprender a valorizar aquilo que ele tanto desprezara na vida anterior: as dificuldades financeiras do próximo. 
Exemplo 3: Disse Emmanuel através da psicografia de Chico Xavier no livro Na Era do Espírito: “. . . Muitas vezes, sonhamos para nossos filhos, no Mundo, invejável destaque na profissões liberais com primorosas titulações acadêmicas, mas é provável hajam renascido conosco para serviços de gleba (terra, solo), aspirando a adquirir duros calos nas mãos a fim de se realizarem na elevação que demandam. 
Então, estude, se esforce, trabalhe, lute, corra atrás dos seus sonhos materiais, mas se eles não se realizarem, não pense que você está esquecido por Deus ou que Ele gosta mais de outros filhos do que de você. Se fosse assim Deus seria injusto, já que vemos pessoas egoístas, más na riqueza e pessoas boas e caridosas na pobreza. Então, talvez você já teve, em outra encarnação, muitos bens materiais e os usou de forma errada, de forma egoísta, por exemplo. Talvez, muitos apontaram para você o chamando de egoísta, pão duro, perdulário e, quem sabe hoje, seja você quem aponta aos mais abastados usando as mesmas palavras. Então, nada é por acaso. Como disse Meimei: "As vezes, o mal na vida, é o bem mal interpretado." Portanto, os que tem menos não devem invejar os que tem muito, não busquem de forma ilegal a realização de seus sonhos e, os que tem muito, não pensem que vocês tem alguma coisa, vocês apenas administram o que Deus lhes emprestou. Porque se fosse de vocês, vocês levariam após a desencarnação. No entanto, o rico e o pobre, quando chegarem ao plano espiritual, prestarão contas do comportamento que tiveram na posição social que ocuparam aqui na Terra. E felizes serão aqueles que buscaram a maior prosperidade que podemos alcançar que é a prosperidade espiritual. Pense nisso!


Rudymara

  

domingo, 13 de janeiro de 2019

DEUS E JESUS ESTÃO DENTRO E FORA DE TODAS AS RELIGIÕES


Jesus não veio trazer uma RELIGIÃO, mas ENSINAMENTOS. A religião foi criada pelos homens, cada um criou conforme sua interpretação das escrituras cristãs ou interesse pessoal. Muitos discutem alegando que esta ou aquela religião é a melhor. Mas a melhor é aquela que ajuda a pessoa a ser melhor. Uns conseguem se melhorar em uma religião e outros em outra. Basta observar que dentro de todas as religiões há quem siga os ensinamentos do Cristo e outros não, desde os sacerdotes aos fiéis. Há fatos históricos dentro das religiões, de abusos, mortes, torturas, explorações, enriquecimento, ou seja, tudo que foge dos ensinamentos de Deus trazidos pelo Cristo. É incoerente se dizer desta ou daquela religião cristã e enganar, abusar, maltratar um animal, um idoso, uma criança, um alcoólatra, um doente, um morador de rua, um indígena, enfim, fazer aos que convivem conosco nessa vida o que não queremos que eles nos façam. Ser religioso não é apenas frequentar o templo religioso, seguir seus rituais e dogmas como o batismo, por exemplo, e fora do templo ter uma conduta imoral, irresponsável, indisciplinada, desrespeitosa com sua vida e com a dos outros. Podemos enganar todos e a nós mesmos, mas nunca enganaremos as leis de Deus.Como disse Divaldo Franco: "O importante não é a religião adotada, mas o comportamento nela assumido." Disse ele também: "Eu respeito muito mais um ateu digno do que um religioso hipócrita." Portanto, Deus e Jesus não são propriedades desta ou daquela religião. Eles estão onde precisam deles, seja dentro ou fora dos templos religiosos. Seremos avaliados, pela lei divina, pelo bem e pelo mal que praticarmos ou pelo bem que deixarmos de realizar e não pela religião que frequentamos. Como disse Jesus: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus", isto significa que ganhará o reino dos céus quem se esforçar para viver os ensinamentos trazidos por Jesus e não por aquele que frequenta esta ou aquela religião.  Disse também: "A cada um segundo suas obras", e não segundo sua religião.  Pensemos nisso!

Rudymara



terça-feira, 8 de janeiro de 2019

INDISSOLUBILIDADE DO CASAMENTO





Os fariseus chegaram tentando Jesus e dizendoPorventura é correto um homem repudiar (separar, divorciar) da sua mulher, por qualquer causa?
Jesus, respondeuVcs não tem lido (nas leis escritas por Moisés) que quem criou o homem (o ser humano), desde o princípio os fez macho e fêmea (dois seres de sexo diferentes)? Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne?        E qd os dois se tornarem uma só carne, o homem (a lei do homem ou a lei humana)não separará o que Deus ajuntou.”  Os fariseus voltaram a perguntar: Por que Moisés mandou o homem dar à sua mulher carta de desquite, e repudiá-la? Jesus respondeu: Porque Moisés, pela dureza de vossos corações, vos permitiu repudiar (separar) vossas mulheres, mas ao princípio não foi assim. Mas, Eu (Jesus), vos declaro, que todo aquele que repudiar sua mulher, se não for por causa da fornicação (traição), e casar com outra, comete adultério, e o que se casar com a que o outro repudiou, comete adultério. (Mateus, XIX: 3-9)

A passagem do evangelho começa assim: OS FARISEUS CHEGARAM TENTANDO JESUS. Por que tentando? Por que os judeus decoravam todas as leis de Moisés, achavam sagradas e, quem as transgredissem, eram punidos severamente. Então, eles faziam perguntas para Jesus para vê se ele se colocava contra a lei de Moisés, assim eles teriam a chance de puni-lo. Mas, Jesus, foi criado dentro do judaísmo, conhecia todas as leis e conhecia a intenção dos fariseus.  Então:

Os fariseus chegaram tentando Jesus e dizendoPorventura é correto um homem repudiar (separar, divorciar) da sua mulher, por qualquer causa?
Ao tempo de Jesus vigorava entre os judeus a poligamia. Era um costume machista, típico da época que beneficiava os homens. As mulheres, nem pensar! Os grandes líderes da época, como o rei David e o rei Salomão, tiveram várias esposas e incontáveis concubinas. Consta que Salomão montou um harém particular com perto de mil mulheres. Eram tempos difíceis para a mulher. Não passava de escrava do homem, objeto de seus desejos... Seu amo e senhor podia livrar-se dela quando bem entendesse. Bastava entregar-lhe uma carta de (repúdio) divórcio e pronto – a união estava desfeita.
Jesus, respondeuVcs não tem lido (nas leis escritas por Moisés) que quem criou o homem (o ser humano), desde o princípio os fez macho e fêmea (dois seres de sexo diferentes)? Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne? Se tornarão uma só carne no sentido material e espiritual. Material é a união dos sexos para que ambos deem a oportunidade à espíritos encarnarem para passarem por provas e expiações. E espiritual no sentido de ambos pensarem juntos em se respeitarem para criar uma harmonia familiar para ajudar tais espíritos q chegarão como filhos
E qd os dois se tornarem uma só carne, o homem (a lei do homem ou a lei humana) não separará o que Deus ajuntou.”  (Por que? Porque podemos separar quantas vezes quisermos, trocar de parceiro(a) qd quisermos, mas a cada relacionamento nos vinculamos àquela pessoa, ou àquele espírito. Geralmente, as separações acontecem de forma difícil, com mágoa, ódio, sentimento de vingança. Algumas vezes esquecem os filhos por raiva do cônjuge, enfim, e com isso vamos contraindo débitos.
Os fariseus voltaram a perguntar: Por que Moisés mandou o homem dar à sua mulher carta de desquite, e repudiá-la? Jesus respondeu: Porque Moisés, pela dureza de vossos corações, vos permitiu repudiar (separar) vossas mulheres, mas ao princípio não foi assim.
A carta de divórcio era um documento legal, fornecido pelo marido à mulher repudiada. Esta, então, ficaria livre para casar-se de novo.
Moisés sabia que os homens tinham o coração duro, maldoso, então ele preferiu que o homem desse a carta de divórcio para a mulher, para que ela tivesse a chance de tentar nova união, do que obriga-la a conviver com aquele homem que não gosta dela e que poderá maltratá-la, humilhá-la. A carta de divórcio era o mal menor. Representava um avanço no relacionamento conjugal. Entretanto, diz Jesus que no princípio não era assim, ou seja, nas tradições mais antigas envolvendo o Velho Testamento, não se observa a utilização frequente da carta de divórcio como no tempo de Jesus (Novo Testamento).
Mas, Eu (Jesus), vos declaro, que todo aquele que repudiar sua mulher, se não for por causa da fornicação (traição), e casar com outra, comete adultério, e o que se casar com a que o outro repudiou, comete adultério. (Mateus, XIX: 3-9)
Jesus quis dizer que o casamento não deve acabar por motivos banais. Quem se separa por motivos banais é como se não tivesse se separado, então, é como se não tivesse se separado segundo a lei divina. Aquele q se aventura a se casar novamente, seja quem se casa com quem é divorciado(a) é como cometesse adultério. Um dos motivos sérios para q aconteça uma separação, segundo Jesus, é a traição. Hoje, podemos citar a violência tb. 

PERGUNTEMOS: O que mudou do tempo de Jesus para cá? Quase nada. As leis do homem mudam conforme o tempo, a situação, a evolução, os costumes da época e do local, mas a de Deus não muda. As consequências de nossos atos continuam sendo levado em conta e nossas ações criarão uma reação. Antes os homens davam carta de repúdio para as mulheres. Hj tanto o homem qt a mulher por dar esta carta. E mts separações continuam acontecendo pelo mesmo motivo da época de Moisés ou de Jesus: PELA DUREZA DE NOSSOS CORAÇÕES, que não consegue perdoar, tolerar, pacificar, relevar, harmonizar, enfim, separam-se por não se esforçarem a aceitar que o outro pensa, age, diferente de nós e nós dele. 
Daí vem a Doutrina   mostra-nos que a união matrimonial não é obra do acaso e envolve compromissos assumidos na Espiritualidade, antes da reencarnação. As vezes não temos maturidade para escolher o parceiro(a), daí fica por conta dos mentores espirituais. Mas o planejamento começa lá, por nós ou pelos mentores.

MARTINS PERALVA classifica o casamento em 5 itens:


ACIDENTAIS : Se dá por efeito de atração momentânea, de almas ainda inferiorizadas. São as pessoas que se encontram, se vêem, se conhecem, se aproximam, surgindo, daí, o enlace acidental, sem qualquer ascendente espiritual. No nosso mundo, tais casamentos são comuns, ainda.

PROVACIONAIS: Reencontro de almas, para reajustamentos necessários à evolução delas. São os mais frequentes. É por essa razão que há tantos lares onde reina a desarmonia, onde impera a desconfiança, onde os conflitos morais se transformam, tantas vezes, em dolorosas tragédias. A compreensão evangélica, a boa vontade, a tolerância e a humildade são virtudes que funcionam à maneira de suaves amortecedores.
SACRIFICIAIS: Deus permite aí, o reencontro de alma iluminada com alma inferiorizada, com o objetivo de redimir a que se perdeu pelo caminho.
AFINS : Pela lei da afinidade, reencontram-se corações amigos, para consolidação de afetos. São os que reúnem almas esclarecidas e que muito se amam. São Espíritos que, pelo casamento, no doce aconchego do lar, consolidam velhos laços de afeição.
TRANSCENDENTES: São Almas engrandecidas no Bem que se buscam para realizações imortais. São constituídos por almas que se reencontram, no plano físico, para as grandes realizações de interesse geral. A vida desses casais encerra uma finalidade superior. O ideal do Bem e do Belo enche-lhes as horas e os minutos repletando-lhes as almas de doce ventura, acima de quaisquer vulgaridades terrenas, acima das emoções inferiores, o amor puro e santo.


ENTÃO, resumindo o assunto, o casamento não deveria se desfazer. O casal deveria se esforçar para mantê-lo. Embora o divórcio seja uma necessidade aos problemas existentes, ele não deveria acontecer por motivos banais. 


Rudymara








quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

TELHADO DE VIDRO


Em uma de suas viagens a Jerusalém (João, 8:1-11) Jesus compareceu ao Templo. Transmitia suas lições a expressivo grupo de ouvintes, quando surgiram alguns escribas e fariseus. Apresentaram uma mulher, explicando: 
– Mestre, esta mulher foi surpreendida em adultério. Moisés ordenou-nos na Lei que seja apedrejada. Tu, pois, o que dizes?
Grave acusação, com base em dois dispositivos da Lei Mosaica:
Em Levítico (20:10): Se um homem cometer adultério com a mulher de seu próximo, ambos, o adúltero e a adúltera, certamente serão mortos.
Em Deuteronômio (22:22): Se um homem for achado deitado com uma mulher casada, ambos serão mortos…
A legislação mosaica era draconiana. A execução, não raro, envolvia a lapidação. O condenado postava-se à frente do povo, que passava a atirar-lhe pedras, até sua morte. 
Povo machista, os rigores da Lei eram sempre para a mulher, em questões de fidelidade conjugal, tanto que nesta passagem somente ela estava sendo acusada, embora o flagrante, obviamente, envolvesse seu parceiro.
Havendo suspeita de adultério, por parte do marido, a esposa era submetida ao ordálio, o juízo de Deus. Era o seguinte:
Diante de um sacerdote, era obrigada a beber nauseante poção. Se lhe causasse intenso mal estar, com incontrolável regurgitação, era proclamada culpada e condenada ao apedrejamento. Se resistisse, seria absolvida.
A segunda hipótese dificilmente ocorria. A poção era forte, e ainda não existia o sonrisal…

***
Escribas e fariseus estavam mal intencionados. 
Submetendo a adúltera a Jesus, prepararam a armadilha perfeita, infalível. Qualquer que fosse sua resposta estaria comprometido, lembrando o adágio: Se ficar o bicho come, se correr o bicho pega.
Se não a condenasse, estaria contestando Moisés. Falta grave. Seria apontado como traidor.
Se a condenasse, perderia a aura de bondade, o maior obstáculo à intenção de situá-lo como iconoclasta, destruidor do culto estabelecido.
O Mestre não se abalou. Sentado à maneira oriental, escrevia na areia, como se meditasse. Após momentos de eletrizante expectativa, pronunciou seu imorredouro ensinamento.
– Aquele dentre vós que está sem pecados, atire a primeira pedra.
Fosse outra pessoa e, imediatamente, escribas e fariseus, acompanhados pelo povo, desandariam a fazê-lo. Com Jesus era diferente. Dotado de incontestável autoridade espiritual, tinha pleno domínio da situação.
Pesado silêncio fez-se sentir. Ante a força moral daquele homem que devassava suas mazelas, ninguém se sentia autorizado a iniciar a execução.
Pouco a pouco, dispersou-se a multidão, começando pelos mais velhos, até chegar aos mais moços. Em breve, Jesus estava sozinho com a adúltera. Perguntou-lhe, então:
– Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?
– Ninguém, senhor.
– Nem eu tampouco te condeno. Vai e não peques mais.

***
Nesta passagem vemos uma vez mais a extraordinária lucidez de Jesus, ágil no raciocínio, a confundir seus opositores, e ainda aproveita o ensejo para ensinamento basilar:
Ninguém é suficientemente puro para habilitar-se a julgar as impurezas alheias.
Essa ideia é marcante no ensinamento cristão. Jesus situa como hipócritas os que não enxergam lascas de madeira em seus olhos e se preocupam com meros ciscos em olhos alheios.
Observam falhas mínimas no comportamento dos outros. Não encaram gritantes defeitos em si mesmos.
Há em relação ao assunto curiosa situação: Vemos nos outros algo do que somos.
O preconceituoso presume-se discriminado.
O maledicente imagina maldades.
O malicioso fantasia segundas intenções.
Projetamos no comportamento alheio algo de nossas próprias mazelas. Assim, o mal está em nós mesmos.

***
Quem estuda as obras de André Luiz percebe claramente que os Espíritos orientadores jamais usam adjetivos depreciativos.
Não dizem:
– Fulano é um cafajeste, um vagabundo, um pervertido, um mau caráter, um criminoso, um monstro…
Veem o irmão em desvio, o companheiro necessitado de ajuda, o enfermo que precisa de tratamento…
Consideram que todo julgamento é assunto para a Justiça Divina. Só Deus conhece todos os detalhes. 
Mesmo quando lidam com obsessores, tratam de socorrê-los sem críticas, situando-os como irmãos em desajuste.
Faz sentido! 
Somos todos filhos de Deus. Fomos criados para o Bem. O mal em nós é apenas um desvio de rota, um equívoco, uma doença que deve ser tratada.

***
A fórmula para essa visão tem dois componentes básicos:
A intransigência e a indulgência.
Pode parecer tolice. Afinal, são atitudes antagônicas.
Mas é simples:
Devemos ser intransigentes conosco.
Vigiar atentamente nossas ações; não perdoar nossos deslizes; criticar nossas faltas, dispondo-nos ao esforço permanente de renovação. É o despertar da consciência.
Devemos ser indulgentes com os outros.
Evitar o julgamento, a crítica e as más palavras; respeitar o próximo, suas opções de vida, sua maneira de ser.
É o despertar do coração.
Quando aplicamos essa orientação, ocorre algo muito interessante. Quanto mais intransigentes conosco, mais indulgentes somos com o próximo, exercitando o princípio fundamental: Não podemos atirar pedras em telhados alheios, porquanto o nosso é de vidro, muito frágil.


Richard Simonetti




A dureza dos corações


A dureza dos corações


Mateus, 19:1-9
Marcos, 10:1-12

    Ao tempo de Jesus, desde longa data, vigorava entre os judeus a poligamia. Detalhe machista, típico a época: beneficiava os homens. As mulheres, nem pensar!
    Os grandes líderes da raça, dentre eles David e Salomão, tiveram várias esposas e incontáveis concubinas.
    Consta que Salomão montou um harém particular com perto de mil mulheres para servi-lo. Um prodígio de virilidade! Em rodízio diário, levaria perto de três anos para, segundo o eufemismo bíblico, "conhecê-las".
    Eram tempos difíceis para a mulher. Não passava de escrava do homem, objeto de seus desejos... Seu amo e senhor podia livrar-se dela quando bem entendesse. Bastava entregar-lhe uma carta de divórcio e pronto – a união estava desfeita.
    Lembrando uma regra do futebol, mostrava-lhe o cartão vermelho. Era como um patrão demitindo a empregada. E nada de indenização por direitos adquiridos, fundo de garantia, férias, dedicação em tempo integral...
    Imaginamos a esposa, a indagar, aflita:
    – O que fiz de errado? Onde falhei?
    E o marido:
    – Cansei de sua comida. Além do mais, com cinquenta anos você está ficando passada. Resolvi trocá-la por duas de vinte e cinco...
***
    A questão do divórcio foi abordada por Jesus na Peréia, respondendo às indagações maliciosas dos fariseus.
    Como sempre, procurando comprometê-lo, abordando temas polêmicos, perguntaram-lhe, diante da multidão:

    – É lícito a um homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?

    A lei mosaica facultava o repudio.
    Iria Jesus, condescendente com as mulheres, contrariar as escrituras?
    Como sempre, o Mestre saiu-se com sabedoria, aproveitando o ensejo para oferecer uma nova visão sobre o casamento:

    – Não tendes lido que o Criador desde o princípio os fez homem e mulher e disse:
    "Por esta razão o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne?"
Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.
    Questionam os fariseus:
    – Por que, então, mandou Moisés dar carta de divórcio e repudiar a mulher?
    – Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres, mas não foi assim desde o princípio. Eu, porém, vos digo que aquele que repudiar sua mulher, a não ser por infidelidade, e casar com outra, comete adultério...

    Jesus eleva o casamento ao status de compromisso perante Deus. Não pode, portanto, subordinar-se aos caprichos masculinos.
    Os fariseus contestam, lembrando a autorização de Moisés, ao que Jesus enfatiza que foi por causa da dureza do coração humano.
    Essa insensibilidade sustentava um costume tão arraigado, que Moisés não pôde ou não achou conveniente mudar. A carta de divórcio era o mal menor. Representava um avanço no relacionamento conjugal. Legalizava a situação da mulher repudiada, dando-lhe a chance de nova união.
    Entretanto, diz Jesus que no princípio não era assim. Nas tradições mais antigas envolvendo o Velho Testamento, não se observa a utilização frequente da carta de divórcio.
***
    Jesus deixa bem claro que o casamento é compromisso para a vida toda.
    Admissível a separação apenas numa circunstância: o adultério, quando o respeito e a confiança, fatores indispensáveis à vida familiar, são gravemente comprometidos.
    Não obstante, não o situa como regra inamovível.
    É possível preservar o lar, se o cônjuge traído se dispõe a exercitar a tolerância e o perdão em favor dos filhos.
    Fundamental, nessa situação, avaliar a relação custo e benefício.
    Valerá a pena desfazer uma ligação, estabelecer uma modificação radical, por causa de uma defecção do cônjuge? E os filhos, como ficam? Quando Jesus diz que devemos perdoar sempre, não se refere, também, a essa situação?
    Jovem senhora, de elevados dotes morais, experimentou imensa decepção quando o marido engraçou-se com outra mulher.
    Não obstante, não pediu a separação. E explicava:
    – Há ocasiões em que o esposo deve ser encarado como um filho rebelde. Assim estou fazendo, a fim de preservar a família e não causar um dano maior aos nossos filhos.
    Para o homem comum, uma tola, sangue de barata.
    Para Deus, uma heroína.
***
    A Doutrina Espírita ratifica o pensamento de Jesus sobre o casamento e até nos oferece subsídios valiosos em favor da preservação do lar.
    Mostra-nos que a união matrimonial não é obra do acaso e envolve compromissos assumidos na Espiritualidade, antes da reencarnação. No lar reúnem-se afeiçoados e desafetos do passado, a fim de consolidar afeições e desfazer aversões, ensaiando fraternidade.
    Assim, reencontramos no reduto familiar:
    O verdugo que devemos perdoar...
    A vítima que deve nos perdoar...
    O inimigo que vem para a reconciliação...
    O ente querido que retorna ao nosso convívio...
    O companheiro em quem nos apoiamos...
    O irmão que devemos amparar...
    O mentor que nos orienta...
    Ressurgem na condição de filhos, cônjuge, pais, irmãos, personagens que participam de nossa história milenar, em reencontros marcados.
***
    A família representa, acima de tudo, a oportunidade de melhorarmos a própria vida, refazendo-a em termos de resgate do passado e semeadura de bênçãos para o futuro.
    Se fracassarmos, simplesmente repetiremos as experiências, alunos indisciplinados que retornam à escola para aprender lições não assimiladas, sujeitos aos corretivos drásticos da Dor, essa mestra inflexível dos aprendizes recalcitrantes.
    Como princípio, portanto, com base no Evangelho e na Doutrina Espírita, podemos afirmar que o casamento deve ser indissolúvel. É compromisso perante a própria consciência, uma tomada de posição diante da vida.
***

    Justamente porque a sustentação do casamento é um problema de consciência, será inútil instituir leis que o tornem indissolúvel, como acontecia no Brasil, antes do divórcio.
    A ideia de que o divórcio age contra a família é absolutamente infundada.
    Casar e descasar, unir e separar, nada tem a ver com as leis civis.
    O homem e a mulher unem-se porque se amam, se desejam, se entendem...
    Separam-se porque deixaram de se amar, de se desejar, de se entender...
    Imperioso que sustentemos a estabilidade do lar.
    A família é, talvez, o compromisso mais importante de nossa vida.
   Mas, negar àqueles que chegaram a extremos de incompatibilidade o direito de se separarem é um anacronismo.
   Ficaria bem no passado, mas não tem razão de ser no presente, quando o homem, ensaiando discernimento, não admite grilhões senão os impostos pela própria consciência.
    Esta, sim, e não a lei civil deve nos dizer que a porta casamento está aberta, mas não é conveniente sair.
    Para tanto nos compete envidar esforços por superar divergências e desentendimentos no lar.
    Jesus nos dá a fórmula perfeita de como podemos fazê-lo:
    Combater a dureza de nossos corações!


Richard Simonetti