Segundo
Divaldo, há na Bíblia, uma das mais belas lições sobre a paciência. Diz ele que
sempre o inquietava a travessia do deserto por Moisés e seus seguidores no
êxodo do Egito para Israel. Pensava ele:
-
Por que Moisés demorou
quarenta anos na travessia, se poderia fazê-la em menos de quarenta meses? Por
que vagou tanto tempo no deserto?
Após
muito meditar, aprendeu com Joanna de Ângelis que Moisés, acima de tudo,
entendeu ser necessário preparar a juventude para formar uma raça forte e
vígil. O hebreu acostumou-se à escravidão, só aparentemente queria libertar-se.
Viveu no Egito quase trezentos anos, tornou-se descendente de escravo,
acomodou-se a trabalhar, comer, procriar e dormir. Era o homem fisiológico,
cheio de vícios. Deixou de lutar pelos ideais que dignificam a criatura humana.
Certa vez, indo Moisés jejuar para sintonizar com os
Espíritos, os hebreus, viciados nas bacanais, modelaram o bezerro de ouro e
prepararam uma festa dedicada a Moloch, levando à ira o seu condutor. Qual a
conclusão de Moisés? Demorar por mais tempo no deserto para que sucumbisse
aquela geração pervertida, e se organizasse outra, depurada, nobre, idealista.
Moisés teve paciência. E mal viu a terra prometida, pois ele, também, era a
geração anterior.
Qualquer mudança pede paciência.
Sejamos pacientes, pois a paciência é também
caridade, que devemos praticar a lei da caridade ensinada pelo Cristo, enviado
por Deus.
A caridade que consiste em dar esmolas aos pobres é
a mais fácil de todas. Mas há uma bem mais penosa, e consequentemente com mais
mérito, que é a de perdoar os que Deus colocou em nosso caminho, para serem os
instrumentos de nossos sofrimentos e nos submeter à prova a nossa paciência.
A vida é difícil, sabemos, mas é necessário olhar
para os deveres que nos são impostos, e para as consolações e compensações que
obtemos, pois só assim veremos que as bençãos são mais numerosas que as dores.
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