Jesus falou que "Lázaro morreu", porque essa era a única linguagem que aquele povo entendia naquela época. (João, 11:1-54)
Na verdade, tratava-se de catalepsia.
Vejamos do que se trata.
Letargia, em “O Livro dos Espíritos” significa em estado de “perda temporária da sensibilidade e do movimento”, em que o corpo parece morto, no qual os sinais vitais se tornam quase imperceptíveis, a respiração reduz-se bastante e a pessoa pode ser tomada como morta.
Catalepsia em Kardec é uma espécie de letargia parcial, que atinge apenas alguns órgãos do corpo e que pode não prejudicar a comunicação com o seu portador, que poderia ter este estado induzido pelo magnetismo animal (passes, como dizemos hoje).
Kardec analisou situações de quase-morte na Revista Espírita. Há diversos casos de letárgicos, pessoas que chegaram a ser consideradas mortas pela medicina da época como a Sra. Schwabenhaus (Revista Espírita, 1858) ou que passaram por situações de claro risco de morte, ou como o Dr. D. (Revista Espírita, 1867), que ficou mais de meia hora debaixo d’água e foi resgatado e retomou a consciência.
Outro caso apresentado por Kardec é o da jovem cataléptica de Souabe, que após um evento traumático (morte da irmã), entrou em um estado entre cataléptico e letárgico e passou a ser capaz de descrever pessoas enterradas, bastando ser levada próxima ao túmulo e a descrever a aparência de pessoas idosas que a visitavam quando eram jovens e sem modificações do tempo e das doenças.
Eles narram histórias envolvendo o contato com pessoas desencarnadas e descrições do plano espiritual. Por esta razão, Kardec teorizou que os sonâmbulos, letárgicos e catalépticos perceberiam o plano espiritual, ou dariam notícias de eventos à distância porque perceberiam com a alma, semi-liberta do corpo (emancipação) que transmitiria suas sensações espirituais ao cérebro.
A letargia pode surgir a partir de vários fatores:
· Doença grave: o paciente entra em estado de coma.
· Indução medicamentosa: há substâncias que provocam o coma artificial.
· Hipnose: Indivíduos sensíveis podem ser induzidos ao transe letárgico. Hipnotizadores inescrupulosos costumam fazer deles instrumentos para pantomimas teatrais que fazem sucesso.
· Transe mediúnico: em determinados desdobramentos, particularmente na chamada “bilocação”, quando o Espírito afasta-se do corpo e se materializa alhures, há enorme dispêndio das energias do médium, com o auxílio de mentores espirituais. Para tanto, ele entra em estado letárgico.
· Auto-indução: há faquires indianos que se fazem sepultar vivos. Entram em estado letárgico por sua própria iniciativa. Com o organismo funcionando em ritmo lento, o consumo de oxigênio é mínimo. Daí conseguirem sobreviver por horas e até dias. É algo semelhante aos animais que hibernam, como os ursos.
· Obsessão: embora sejam raros, estes fenômenos necessitam de pesquisa por parte da ciência, na perspectiva da espiritualidade. No livro Recordações da mediunidade, Yvonne Pereira descreve o fenômeno do ponto de vista espírita. Destacamos o que doutor Bezerra de Menezes argumenta, em uma mensagem que consta do livro: “A catalepsia, tal como a letargia, não é uma enfermidade física, mas uma faculdade que, como qualquer outra faculdade medianímica, mal orientada se torna prejudicial ao seu possuidor. Como as demais faculdades, suas companheiras, a catalepsia e a letargia também poderão ser exploradas pela obsessão de inimigos e perseguidores invisíveis”.
Verificamos casos muito curiosos, a que Yvonne se refere, nos quais a pessoa fica com suas funções vitais suspensas, em um desdobramento mais ou menos consciente, a tal ponto que se produz cheiro e características cadavéricas. Um médium bem assessorado retoma naturalmente suas funções vitais, sem nenhuma marca em seu corpo do que se passou. Em Barra Mansa, Yvonne Pereira conheceu Zico Horta, um médium e expositor espírita que trabalhava com uma médium chamada “Chiquinha”. "Tratava-se de uma médium de 19 anos, finamente educada. Sua mediunidade, no início, apresentou-se como enfermidade para a qual os recursos médicos foram insipientes. Sob os cuidados de Zico Horta, tornou-se uma médium de admiráveis possibilidades, com a insólita faculdade da catalepsia. Em vinte minutos, a médium atingia os diversos níveis da catalepsia, chegando a apresentar-se com característica de um cadáver que estivesse falecido há 24 horas, em início de decomposição. Surgiam placas esverdeadas pelo corpo, e o odor desagradável da decomposição. Algumas vezes narrava fatos que via no espaço, transmitia instruções dos espíritos e até mesmo penetrava o corpo humano com sua visão espiritual que fornecia diagnósticos precisos. Yvonne Pereira tinha esta mesma faculdade, que lhe ocorreu pela primeira vez aos 29 dias de vida. Após uma crise de tosse, ficou como morta, por seis horas. O médico deu o atestado de óbito; a família providenciou o velório. Sua mãe, porém, não acreditava em sua morte e, quase à hora do enterro, ajoelhou-se e pediu com fervor a Nossa Senhora (sua mãe era católica devota). Em sua prece, rogava que, se sua filha estivesse morta, aceitaria, porém, se estivesse viva, que voltasse. Ouviu-se a seguir um choro estridente. Foram retirados todos os apetrechos mortuários. Felizmente a menina estava viva.
Compilação de Rudymara
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