J. Raul Teixeira: A instituição do casamento é uma das
instituições mais antigas da humanidade. Não estamos falando de casamento
formal, mas do casamento das almas, que se baseia nos vínculos de afinidade,
nos vínculos de afeto. Duas almas se encontram no mundo e a partir desse
encontro advêm um sentimento recíproco ou individual de bem querer, de desejo
de estar junto. E a partir desse estar junto e de bem querer se estabelece um
processo de enamoramento ou de namoro, onde as pessoas procuram de uma forma ou
de outra se acercar, se conhecer mais, ir ajustando seu ponto de vista, seus
ideais, seus sonhos, seus anseios, até que estabelecem uma vida a dois. Esta
vida a dois se caracteriza naquilo que nós chamamos de casamento. O casamento é
exatamento o processo onde a criatura se responsabiliza por outra criatura. E a
partir dessa responsabilização afetiva, decorrem os outros níveis de
responsabilidade. Porque precisamos ter um local para viver, um espaço para
morar, precisamos nos responsabilizar pelas despesas, gastos que esta
convivência estabelece. A partir daí decorre o fruto ou os frutos dessa união,
que são os filhos. Então, o casamento tem como elemento de grandíssimo
importância ir eliminando gradativamente o egoísmo dos indivíduos. A partir
desse trabalho de duas almas que se propõe a trazer outras almas para a vida na
Terra, que são os filhos, o egoísmo que era do indivíduo, que era do outro
indivíduo vai se diluindo na convivência. Aquilo que nós dizíamos “é meu”, “é
meu espaço”, “é meu quarto”, “minhas coisas”, agora nós já aprendemos a dizer
“nossas coisas”, “nosso espaço”, e desse modo a vida se transforma diminuindo a
taxa de egoísmo até o dia em que pudermos eliminar totalmente. A importância do
casamento se baseia na eliminação do egoísmo da criatura.
Allan Kardec fez perguntas sobre a importância do casamento no O Livro dos Espíritos:
Qual seria,
para a sociedade, o resultado do relaxamento dos laços de família?
– Um recrudescimento (aumento) do egoísmo.
O
casamento, quer dizer, a união permanente de dois seres, é contrário à lei
natural?
– É um progresso na marcha da Humanidade.
Qual seria
o efeito da abolição do casamento na sociedade humana?
– O retorno à vida animal.
Observação de Rudymara: O casamento faz com que a pessoa deixe de pensar só em si
mesma para pensar também na outra pessoa ou pessoas (filhos, sogro, sogra, cunhado, etc). Ensina a dividir, a compartilhar, a ter
uma vida mais disciplinada. A ser mais regrado, sexualmente falando,
para que não caia na prostituição, na promiscuidade, no relacionamento sem vínculo, sem ideal elevado como acontece no reino animal. Veja o que o apóstolo Paulo disse: “Mas, por causa da
prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu
próprio marido” (1 Co 7.2). O apóstolo indica o leito conjugal como
única forma de evitar-se o relacionamento ilegítimo, o mau uso do sexo. Mais adiante, no versículo 9 ele encerra dizendo: “Se não
podem conter-se, casem-se; porque é melhor casar do que ficar ardendo em
desejos [abrasar-se]”. Então, a forma correta de darmos curso aos desejos
sexuais é no matrimônio. Deus conta com a família para trazer ao mundo Seus filhos, ou seja, Espíritos que precisam renascer para ressarcir débitos ou para cumprir alguma missão. É no lar que estes aprenderão a respeitar os pais, os irmãos, os mais velhos, os animais, enfim, a sociedade em que irão fazer parte. Por isso, sua abolição seria um retrocesso.
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