Conta Divaldo: "Quando eu comecei o exercício
da mediunidade - se hoje enfrento dificuldades, imaginem há 30 anos atrás o que
é que eu era -, via os Espíritos, sentia-os, mas não compreendia o fenômeno.
Certo dia apareceu-me um Espírito e disse-me:
-
Divaldo, você é médium, mas não é espírita, não é verdade?
Ao que confirmei:
-
Não senhor, não sou espírita.
-
Mas deve sê-lo! E a única forma de ser espírita é começar pelo começo: estudar O Livro dos Espíritos.
Eu nunca tinha ouvido falar em O Livro dos Espíritos, em
1948. Procurei-o muito até que o encontrei. Era um livro grosso, bem gordinho -
porque os livros lidos engordam; aqueles bonitinhos, na estante, são para
decorar, comprados a metro, ficam belos, lustrosos e magros. Quando o olhei,
pensei, surpreso:
-
Meu Deus, será que eu vou aguentar ler este livro todo até o fim?
Porque eu estava acostumado a ler "Guri",
"Gibi", o "Globo Juvenil", que eram as revistas da época.
Como o Espírito me mandara lê-lo, tomei-o e o li. Quando deparei a letra miúda
da "Introdução" comecei a saltar trechos que não me pareciam
interessantes, tal a minha ignorância. Depois, tomava assim casualmente e
virava diversas páginas. Acabei a "Introdução" em alguns minutos. No
capítulo do "Prolegômenos", perturbei-me por ignorar o significado da
palavra, que perguntei ao Espírito amigo e ele respondeu-me:
-
Compre um dicionário, porque o Espiritismo também é doutrina de
cultura. À medida em que você conhecer o Espiritismo, melhorará o seu
vocabulário, o seu conhecimento.
Comprei o dicionário, mas fui tão sem sorte que nele
não havia a palavra "Prolegômenos".
Adquiri, então, um outro dicionário maior. Em dois
dias, eu acabei de ler O Livro dos Espíritos. Quando o Espírito amigo me
apareceu - ainda me lembro como hoje - indaguei:
-
E agora, qual o livro que devo ler?
Ele respondeu:
- O Livro
dos Espíritos.
-
Mas, meu irmão - esclareci - eu já o li.
Ele insistiu:
-
Leia-o de novo, Divaldo.
Pensei:
-
Vai ver que ele notou que eu saltei algumas páginas.
Voltei a ler a extraordinária obra. Fui descobrindo
tesouros valiosos. Demorei dois meses ou mais e li-o até a última palavra.
Quando o Espírito aparecer-me, disse-lhe:
-
Agora eu o li de ponta a ponta. Qual é o livro que deverei ler?
E ele:
-
Volte a ler com mais atenção O Livro dos Espíritos.
Obedeci. Durante a leitura eu tinha que parar para
meditar, porque as respostas eram tão extraordinárias que me conduziam a
demoradas reflexões.
Demorei-me quase um ano na leitura. Memorizei questões
e detive-me a pensar.
Posteriormente, indaguei ao Benfeitor Espiritual:
-
E agora qual o livro que deverei ler?
Ele orientou-me:
-
Bem, agora você pode ler O Livro dos Médiuns, mas vai continuar
estudando O Livro dos Espíritos até além da morte. Porque, à medida que você
tenha tirocínio, melhor o entenderá. Se você aplicar cem anos da sua vida
examinando o conhecimento geral à luz de O Livro dos Espíritos, os cem anos
serão insuficientes para penetrá-lo na sua totalidade, já que ele é como a
seiva e a síntese da cultura universal, que só daqui há muito tempo o homem
entenderá em toda a sua profundidade."
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