Gostaria de saber, do ponto de vista espírita, o que diz a respeito da maconha; caso tiverem livros, artigos, jornais, revistas, gostaria de uma indicação.
A maconha é uma droga, um tóxico, que altera a percepção e a mente do usuário. Causa dependência e é repelida por todas as pessoas de bom senso, a não ser que defenda interesses escusos, ou seja, uma desculpa para a própria dependência. Além disto, é um degrau para o uso de drogas mais pesadas.Dizer que a maconha é inofensiva é o mesmo que dizer que o fumo é inofensivo e todos sabem os malefícios do tabaco. Infelizmente alguns artistas, pessoas famosas, defendem as drogas e dão péssimos exemplos para a juventude.Todo hábito escravizante é condenável. Pessoas dependentes de drogas ou de álcool são pessoas de personalidade fraca. Logicamente Allan Kardec não tratou diretamente deste assunto, entretanto a Doutrina Espírita nos mostra que os vícios, os maus hábitos são condenáveis.Existem muitos livros que tratam diretamente do assunto ou incidentalmente. Vamos citar alguns: Álcool - Tóxico Livre, do Dr. Cid Parone, Tóxico: Duas Viagens, de Eurípedes Küll, Tráfico Doloroso Resgate, o mesmo autor; O Difícil Caminho das Drogas, de Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho e outros que os balconistas das livrarias saberão indicar-lhe.Quanto a revistas e jornais espíritas são muitas as abordagens sobre este tema, mas é difícil lembrar quais e em que número. É de bom alvitre lembrar que não se deve colocar a culpa da dependência nos espíritos. Estes, via de regra, são atraídos pelos viciados.
Marilia Gabriela: A MACONHA É INOCENTE AO CORPO FÍSICO?
Ronaldo Laranjeira: A maconha vem recebendo á muitos anos uma imagem muito favorável, inofensiva. Esta é a cultura popular da maconha. Mas, do ponto de vista médico, está acontecendo o contrário. Há dez, doze anos atrás a maconha não era tão estudada. Os estudos atuais têm mostrado o quanto a maconha tem produzido bem mais transtornos mentais que a gente imaginava, a ponto de 10% dos novos casos de esquizofrenia ter ocorrido pelo uso da maconha.
Marilia Gabriela: E O USO MEDICAMENTOSO?
Ronaldo Laranjeira: O uso medicamentoso é discutível. Tem alguns países que estão desenvolvendo isso, como os Estados Unidos. Mas, o uso medicamentoso não é o indivíduo fumar a maconha, é que alguns dos componentes da maconha poderiam ser usados em situações muito específicas para fins terapêuticos. Porque a maconha tem mais de 400 substâncias dentro da fumaça dela, é muito provável que alguém fumando tanta coisa vai ter um efeito terapêutico de um dos componentes. Talvez não tenha uma dose terapêutica desse componente. Então, faz parte da mística da maconha. Alguns componentes do cigarro, que são mais de 4000 substâncias, como a nicotina pode ser usada como medicamento. Mas, não poderemos indicar para a pessoa fumar cigarro para ter efeito medicamentoso.
Marília Gabriela: O QUE DIZER DO USUÁRIO ADULTO DOS FINS DE SEMANA?
Ronaldo Laranjeira: A maconha da década de 60 era bem mais fraca que a de hoje em dia. Naquela época a concentração de THC (princípio ativo da maconha) era em redor de 0,5% e as de hoje são em torno de 15% a 20%. Isso muda substancialmente, principalmente aos adolescentes. O cara da década de 60 que experimentou alguns baseados quando tinha 18 e 19 anos e aí incorporou na sua vida nos finais de semana como se fosse o Uísque de final de semana, possivelmente, nem dependente é da maconha. Mas, apesar de não ser dependente está lesando sua saúde e alimentando o trafico de drogas e traficantes que não vende só maconha. Já o adolescente é pouco provável que ele comece a provar regularmente e vire só um usuário de fim de semana. Ele pode falar que fuma todo dia socialmente, mas a implicação no cérebro é completamente diferente do adulto. A adolescência é um período em que o cérebro está se preparando para a vida adulta. É um período de intensa mudança. Expor o adolescente a qualquer dose de maconha nesse período vai formatar o cérebro de forma diferente do que ele nunca tivesse usado.
Marília Gabriela: VOCÊ É FAVORÁVEL A DESCRIMINALIZAÇÃO?
Ronaldo Laranjeira: Não. Como psiquiatra eu fico muito mais preocupado com as pessoas que tem dependência química. Antes de discutir a descriminalização precisamos discutir a proteção do contingente enorme de dependentes químicos que estão absolutamente desassistidas pelo Estado. Droga é uma grande ilusão do século XXI.
Esta entrevista foi feita por Marilia Gabriela à Ronaldo Laranjeira, médico psiquiatra formado pela Escola Paulista de Medicina em 1982, com residência em psiquiatria pela mesma instituição. Fez o PhD em Psiquiatria na Universidade de Londres (Maudsley Hospital) no setor de Dependência Química. Atualmente é professor titular do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP, diretor do INPAD (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e outras Drogas) do CNPq e coordena a UNIAD (Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas). Tem grande experiência na área de tratamento da dependência química e coordena uma série de cursos de especialização nessa área, com mais de 1.000 alunos do Brasil inteiro formados. Tem mais de 180 artigos científicos publicados. Escreva para ele e tire suas dúvidas laranjeira@clinicalamedas.com.br. Ele não é um médico espírita.
OBSERVAÇÃO DO PONTO DE VISTA ESPÍRITA: Queremos deixar claro que, nós espíritas não somos contra quem faz uso de qualquer droga (forte ou fraca, lícita ou ilícita), porque somos a favor do livre arbítrio. Mas, aqui, ou em qualquer outro meio de comunicação onde expomos a visão espírita sobre vários assuntos, priorizamos a visão ESPIRITUAL. Como acreditamos na reencarnação, numa vida após esta vida, sabemos que todo prejuízo que causarmos ao nosso corpo físico, diminuindo o tempo de vida na Terra é SUICÍDIO. E todo prejuízo que causarmos aos que convivem conosco neste planeta (pai, mãe, irmãos, desconhecidos), de maneira direta ou indireta, também prestaremos contas às leis divinas. O plantio é livre, mas a colheita obrigatória. Não queremos obrigar ninguém a acreditar no que acreditamos, mas este blog é espírita e colocamos aqui assuntos sob sua visão. Sem querer impor nossa filosofia cristã de vida. Nós acreditamos na conscientização das pessoas. O cigarro já está perdendo espaço em nossa sociedade. A conscientização pode demorar, mas ela amadurece com o amadurecimento espiritual das pessoas. Ninguém nasce precisando de transplante de fígado sem ter lesado, numa vida anterior, este órgão, etc. Nossa Marcha é à favor da vida corporal e espiritual saudável. Espero que nos compreendam. Peço que leiam também o texto que está neste blog "AS DROGAS DEVEM SER LIBERADAS?"
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