O fenômeno de
transporte trata-se geralmente do aparecimento de flores, frutos, de
confeitos, doces, de jóias, etc. que não existem no lugar da reunião. Este
objeto pode ser TRAZIDO (apport) de
outro local para a reunião ou ser COMPOSTO
pelo Espírito. É um fenômeno mais complexo, de natureza múltipla, exigindo a
existência de condições especiais. Esses fenômenos só podem ser realizados por
um só Espírito e um único médium e necessitam, além dos recursos para a
produção da tangibilidade, uma combinação muito especial para isolar e tornar
invisíveis o objeto ou os objetos a serem transportados. Os Espíritos se
prestam muito pouco a produzi-los, porque isso exige de sua parte um trabalho
quase material, que lhe causa aborrecimento e fadiga. Além disso, o estado do
próprio médium lhes opõe uma barreira intransponível.
OBS: Os Espíritos podem transportar objetos materiais de um
lugar para outro. Pode torná-los invisíveis, mas não penetráveis (em
lugares fechados). Podem
carregá-los quando quiser
e só o
largar no momento conveniente para faze-lo aparecer.
Mas, nos objetos que o Espírito
“compõe”, não há matéria, há apenas elementos da matéria, e esses elementos
são essencialmente penetráveis como os raios solares atravessam as vidraças,
podendo assim, os Espíritos introduzi-los num lugar, por mais fechado que ele
esteja.
Os objetos tem aparência, pode
tornar-se tangível (palpável), poderia ter o odor, ou seja, o Espírito pode dar
não somente a forma do objeto, mas também as suas propriedades especiais (som,
odor, etc.).
Os objetos que os Espíritos
“compõe” e tornam tangíveis não poderiam ser usados, porque na realidade não
possuem a mesma densidade material dos nossos corpos sólidos (da matéria). E a
existência dos objetos formados são passageiras.
Pode-se, também, fazer uma fruta
ou uma iguaria qualquer, podendo alguém come-la e sentir-se saciado, ou seja,
produz a sensação da saciedade, mas não a saciedade propriamente dita, ou seja,
ela dá a sensação que matou a fome, mas não matou. Assim ocorre com substâncias
que curam doenças. O Espírito encarnado (na maioria da vezes assistido por um
Espírito desencarnado) pode agir sobre a matéria elementar (Fluido Cósmico
Universal) e portanto modificar as propriedades das coisas dentro de certos
limites. Ele pode produzir uma modificação nas propriedades da água, e nos fluidos orgânicos, que resulta o efeito
curativo da ação magnética convenientemente dirigida. Mas estes casos são
raros, excepcionais, e não dependem jamais da vontade de alguém, mas sim da
permissão de Deus, caso contrário, todos se alimentariam e curariam de maneira
vantajosa.
Exemplos: “. . .
Scheila ofereceu rosas a várias pessoas. Também tive a ventura de receber uma
rosa orvalhada, com o talo quebrado (não era cortado). A minha rosa, ainda
desabrochando, era linda.”
“O Espírito Valter, antigo
companheiro espiritual do médium, estava presente e preparou-o para o fenômeno.
Divaldo estendeu as mãos e as mais belas angélicas - flores do campo - foram
caindo sobre elas esparzindo beleza, perfume e bons fluidos no ambiente. As
angélicas estavam frescas pois haviam sido colhidas naquele instante. Algumas
pessoas que estavam nesta reunião abençoada puderam levar para a casa uma
angélica como símbolo da alegria, da paz e da união entre o plano físico e o
espiritual.”
“Quando o Espírito Scheilla se
materializou em uma daquelas sessões espíritas, em que me encontrava presente
com outros confrades, na residência de André Luiz, irmão de Chico Xavier,
perguntou-me o que gostaria que ela trouxesse. Eu tinha ouvido falar nos
edelweiss – Violetas dos Alpes. Tenho uma amiga suíça, e ela me falava da
beleza dos edelweiss, exatamente aqueles das cordilheiras suíças dos Alpes e
recordando que Scheilla fora alemã em sua última existência terrena, eu lhe
perguntei:
-
Você conhece
edelweiss?
Ela respondeu-me que sim.
No mesmo instante cairam sobre
mim vários edelweiss frescos e belos. Tirei um lenço e cobri as flores com ele.
Scheilla fez então cair uma substância perfumada que ficou marcada no lenço e
até hoje eu os tenho guardados comigo.”
“Mas o Sr. Aristides apresentou
certo dia problemas com a sua saúde . . . Uma forte dor no peito o impedia de
se mover. Divaldo, que vinha saindo da Casa Grande, viu que o Espírito Scheilla
colocava em suas mãos uma substância de cor verde. Havia materializado o
remédio em forma de gelatina em benefício do enfermo. O nosso médium passou o
ungüento no peito do doente e a dor foi passando lentamente. Bem melhor e já
sem dores, o casal partiu para o Rio de Janeiro, continuando lá o tratamento
médico.”
“O Sr. W. Asano, presidente da
Sociedade Japonesa de Ciência Psíquica, fez, no Congresso Internacional
Espírita, uma comunicação bem interessente sobre um velho analfabeto de mais de
sessenta anos, que mora no Condado de Ysé. Aos nove anos fizeram-no discípulo
dum Tengu (um Espírito, ser misterioso do plano astral). De vez em quando esse
Tengu o visita e o leva em viagem a diferentes lugares. Ele diz que em
companhia desse ser super-humano pode percorrer várias centenas de milhas sem
se cansar e em pouquíssimo tempo. E acrescenta que esse estranho ser muitas
vezes lhe dá vários objetos, livros, pergaminhos, ou então ofertas para o
santuário, como bolos de arroz, peixes secos, frutas, doces, etc.”
“William Crookes assinala ter
cortado uma mecha de cabelos do Espírito de Katie, que conservou por longo
tempo.”
Obs: Crookes, por volta de 1869,
estudou o fenômeno por mais de 30 anos. Através de uma médium chamada Florence
Cook, se manifestava o Espírito denominado Katie King. Ela apresentava diversos
fenômenos, como levitação, escrita, materialização.
“Russel Wallace, que fez
experiências transcendentais, também afirma ter verificado produções de ervas e
flores que não existiam na Europa.”
“Os meninos Pansini, de Bari,
que foram transportados à distância de 45 quilômetros, em 15 minutos, por
várias vezes tiveram, no quarto em que se achavam presos, grande quantidade de
doces, confeitos e bombons de todas as qualidades e trazidos, todos esses
doces, por mãos invisíveis, sem que se pudesse como nem donde.”
Obs: Cap. V, item 99, pergunta
14, diz Erasto: “O Espírito pode transportar cem ou duzentos quilos de objetos,
porque a gravidade que existe para vós não existe para ele. Mas neste caso
também ele não percebe o que se passa. A massa de fluidos combinados é
proporcional à massa de objetos, ou seja, a força deve estar na proporção da
resistência. Assim, se o Espírito só transporta uma flor ou um objeto leve, é
freqüentemente por não encontrar no médium ou nele mesmo os elementos necessários
para um maior esforço.”
“Inúmeros são os casos de
produções, por Espíritos de materiais comestíveis. Só os desconhece aquele que
não estuda e não acompanha o Movimento Espírita, que se manifesta no mundo
inteiro.” (Cairbar Schutel)
Perguntas feita por Allan Kardec
aos Espíritos:
Kardec: Queres dizer-nos por que os transportes que produzes só se realizam
durante o sono magnético do médium?
Espírito: Por causa da natureza
do médium. Os fatos que produzo quando ele dorme, poderia igualmente produzir no
estado de vigília do outro médium.
Obs: O sonâmbulo apresenta um
desprendimento natural, uma espécie de isolamento do Espírito e seu perispírito
em relação ao corpo, que deve facilitar a combinação dos fluidos necessários.
Kardec: Por que demoras tanto a trazer os objetos, e por que excitas a cobiça
do médium, excitando-lhe o desejo de obter o objeto prometido?
Espírito: Necessito de tempo
para preparar os fluidos que servem ao transporte. Quanto à excitação, muitas
vezes tem apenas o fim de divertir os presentes e a sonâmbula.
Obs: o Espírito que respondeu
sabe apenas isso. Não tem consciência do motivo dessa excitação da cobiça, que
provoca instintivamente e sem compreender-lhe o efeito. Ele pensa divertir,
quando na verdade estimula, sem o saber, maior emissão de fluido. É uma
decorrência das dificuldades que o fenômeno apresenta, dificuldades maiores
quando ele não é espontâneo, e particularmente com outros médiuns.
Kardec: A produção do fenômeno depende da natureza especial do médium, e seria
impossível obte-lo com mais facilidade e presteza por outro médium?
Espírito: A produção do fenômeno
depende da natureza do médium, e só se pode produzi-lo por meio de médiuns
dessa natureza. Para a presteza, vale-nos muito o hábito adquirido no trato
freqüente do mesmo médium.
Kardec: A influência das pessoas presentes pode embaraçá-lo de alguma maneira?
Espírito: Quando há
incredulidade, oposição, da parte delas, podem criar-nos sérias dificuldades.
Preferimos realizar nossas experiências com pessoas crentes e versadas no
Espiritismo. Mas não quero dizer, com isso, que a má vontade nos pudesse
paralisar por completo.
Kardec: Onde pegaste as flores e os bombons que trouxestes?
Espírito: Tomo-os onde quero. O
confeiteiro não percebeu nada, porque pus outros no lugar.
Kardec: Mas os anéis tem preço; onde os tomaste? Não ficou prejudicado aquele
de quem os tiraste?
Espírito: Tirei-os de lugares
que ninguém conhece, e o fiz de maneira que não prejudicará a ninguém.
Obs: Creio que o fato foi
explicado de maneira incompleta, por falta de conhecimento do Espírito que
respondeu. Sim, pode ter havido no caso um prejuízo real, mas o Espírito não
quis passar por haver desviado alguma coisa. Um objeto só pode ser substituído
por outro idêntico, da mesma forma e do mesmo valor. Assim, se um Espírito
tivesse a possibilidade de substituir um objeto tirado, não haveria razão para
a tirar, pois poderia dar o que serve de substituto.
Kardec: É possível transportar flores de outro planeta?
Espírito: Não, para mim isso não
é possível.
Kardec: Outros Espíritos teriam esse poder?
Erasto: Não, isso não é possível
em razão das diferenças de meio ambiente.
Kardec: Podereis transportar flores de outro hemisfério; dos trópicos por
exemplo?
Espírito: Desde que seja da
Terra, posso.
Kardec: Os objetos que trouxeste podereis faze-los desaparecer e devolvê-los?
Espírito: Tão bem como os
trouxe; posso devolvê-los, se quiser.
Kardec: A produção do fenômeno de transporte não te exige um sacrifício, não te
causa dificuldades?
Espírito: Não nos causa nenhuma
dificuldade quando temos a devida permissão. Poderia causar-nos muitas se
quiséssemos produzi-los sem estar autorizados.
Obs: Ele não quer dizer que é
penosa embora o seja, pois é forçado a realizar uma operação por assim dizer
material.
Kardec: Quais as dificuldades que encontras?
Espíritos: Nenhuma além das más
disposições fluídicas, que podem ser contrárias.
Kardec: Como trazes o objeto? Carregando-o com as mãos?
Espírito: Não, envolvo-o em mim
mesmo.
Obs: Ele não explica claramente
a sua operação, pois na verdade não envolve o objeto na sua pessoa. Como o seu
fluido pessoal pode dilatar-se, é penetrável e expansível, ele combina uma
porção desse fluido com uma porção do fluido animalizado do médium, e é nessa
mistura que oculta e transporta o objeto. Não é certo dizer, portanto, que o
envolve nele mesmo.
Kardec: Transportarias com mesma facilidade um objeto mais pesado: de cinqüenta
quilos, por exemplo?
Espírito: O peso nada é para
nós. Trago flores porque elas podem ser mais agradáveis que um objeto volumoso.
Obs: é certo. Ele pode
transportar cem ou duzentos quilos de objetos, porque a gravidade que existe
para vós não existe para ele. Mas neste caso também ele não percebe o que se
passa. A massa de fluidos combinados é proporcional à massa de objetos. Numa
palavra, a força deve estar na proporção da resistência. Assim, se o Espírito
aó transporta uma flor ou um objeto leve, é freqüentemente por não encontrar no
médium ou nele mesmo os elementos necessários para um maior esforço.
Kardec: Alguns casos de desaparecimento de objetos, por motivo ignorado, serão
devidos aos Espíritos?
Espírito: Isso acontece com
freqüência, muito mais freqüentemente do que pensais, e poderia ser remediado
pedindo-se ao Espírito a devolução do objeto.
Obs: É verdade, mas às vezes o
que foi levado, levado está. Porque esses objetos que somem da casa são quase
sempre levados para muito longe. Mas, como a subtração de objetos exige quase
as mesmas condições fluídicas dos transportes, só pode se dar com a ajuda de
médiuns dotados de faculdades especiais. Por isso, quando alguma coisa
desaparecer, é provável que se deva ao vosso descuido que a ação dos Espíritos.
Kardec: há efeito da ação de certos Espíritos que consideramos como fenômenos
naturais?
Espírito: Vossos dias estão
cheios desses fatos que não compreendeis, porque não pensastes neles, e que um
pouco de reflexão vos faria ver com clareza.
Obs: Não se deve atribuir aos
Espíritos o que é obra humana. Mas acreditai na sua influência oculta e constante,
produzindo ao vosso redor mil circunstâncias, milhares de incidentes
necessários à realização dos vossos atos e da vossa existência. Os espíritos
estão por toda a parte, são uma das forças da Natureza em constante ação no
Universo. Agem também ao nosso redor e dariam condições para o cumprimento dos
nossos destinos. Não se trata de nada sobrenatural ou misterioso, mas de um
aspecto da Natureza que o Espiritismo vem esclarecer.
Kardec: Como introduziste outro dia esses objetos na sala que estava fechada?
Espírito: levei-os comigo,
envolvidos por assim dizer, na minha substância. Não posso dizer mais, porque
isso não é explicável.
Kardec: Como fizeste para tornar visível esses objetos, que estavam invisíveis?
Espírito: Tirei a matéria que os
envolvia.
Obs: Não é a matéria
propriamente dita que os envolve, mas um fluido tirado em parte do perispírito
do médium e em parte (metade de cada um) do Espírito operador.
Kardec: Um objeto pode ser transportado para um lugar completamente fechado;
numa palavra, o Espírito pode espiritualizar um objeto material de maneira que
ele possa penetrar a matéria?
Erasto: Esta questão é complexa.
O Espírito pode tornar invisível os objetos transportados, mas não penetráveis.
Não pode desfazer a agregação da matéria, o que seria a destruição do objeto.
Tornando-o invisível, pode carregá-lo quando quiser e só o largar no momento
conveniente para faze-lo aparecer. Bem diverso o que se passa com os objetos
que compomos. Nestes introduzimos apenas os elementos da matéria, e como esses
elementos são essencialmente penetráveis como atravessamos os corpos mais
densos com a mesma facilidade dos raios solares atravessando as vidraças,
podemos perfeitamente dizer que introduzimos o objeto num lugar, por mais
fechado que ele esteja. Mas isto somente nesse caso.
Cairbar Schutel, do livro: O
Espírito do Cristianismo
Maria Anita Rosas Batista, do
livro: Para Sempre em Nosso Coração
Allan Kardec, do livro: O Livro
dos Médiuns